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Na teleconferência de resultados da Lojas Americanas, hoje às 14:30 horas, os investidores devem se debruçar sobre dois pontos.

Primeiro, a Americanas sempre contou com os fornecedores para financiar suas vendas e turbinar o retorno para a companhia.  Nesse trimestre, no entanto, os estoques aumentaram muito, mas o capital de giro empregado, também. Ao mesmo tempo, a companhia teve um ganho de margem bruta chocante, bem acima das projeções de mercado: no segundo tri, a margem foi de 37,5%, contra 32,5% no trimestre anterior.

O chamado ciclo de caixa — um métrica que mistura o prazo dado à empresa pelos fornecedores, o aumento do estoque e o financiamento que a empresa oferece aos clientes — chegou a 45 dias no segundo tri. No trimestre anterior, este ciclo de caixa havia sido negativo em 12 dias, o que significa que o fornecedor estava financiando tanto os estoques quanto os recebíveis dos clientes.

Para o analista Guilherme Assis, do Banco Brasil Plural, esta foi a primeira vez que os fornecedores não financiaram integralmente o estoque da companhia desde que o banco começou a acompanhar o ciclo de caixa da empresa há cinco anos.

O prazo médio de financiamento que a Americanas deu a clientes aumentou em 24 dias, e o estoque aumentou em 34 dias para 136 dias.

Para Assis, a mudança levanta a seguinte dúvida:  ou a Americanas foi oportunista e aproveitou preços bem descontados dos fornecedores para fazer um estoque mais barato (e portanto o ganho de margem do segundo tri é apenas pontual), ou estaria revendo o seu tradicional modelo de negócios e o relacionamento com fornecedores, em busca de ganhos adicionais de margem bruta no futuro.

Outra preocupação a ser abordada na teleconferência: com ‘apenas’ 87 lojas entregues nos últimos 12 meses, a companhia parece estar tendo problemas em entregar o crescimento de lojas proposto, de 800 novas lojas no período 2015-2019.  Das 800 prometidas, apenas 110 já foram entregues.