A Solar assinou acordo para incorporar o Grupo Simões, reforçando sua posição como a segunda maior engarrafadora da Coca-Cola no Brasil e a 19ª no mundo.

A fusão une famílias que se conhecem há décadas e cria um gigante que atende 76 milhões de pessoas — mais que a população da França ou da Itália — nas três regiões que mais crescem na América Latina: o Norte, Nordeste e Centro Oeste brasileiros.

A transação é uma troca de ações em que o Grupo Simões fica com 20% do negócio combinado.

A nova Solar passa a ter 12 fábricas, 42 centros de distribuição e mais de 370 mil pontos de venda — cobrindo 70% do território nacional. A empresa combinada terá receita líquida de R$ 6,5 bilhões e EBITDA de R$ 1,1 bilhão antes das sinergias, que incluem backoffice, compras e capital de giro.

Até agora, a Solar — ela própria resultado da fusão de três empresas — atendia todos os estados do Nordeste, o Mato Grosso e um pedaço de Tocantins e de Goiás.

Já o Grupo Simões — controlado pelas famílias Simões, Pinheiro e Pacífico — é o dono da Região Norte.  Fundado em 1957, o grupo foi sorveteria, padaria e fábrica de massas antes de passar a fabricar refrigerantes em 1970.

A engarrafadora Coca-Cola de hoje não é igual à da sua avó.

Nos últimos dois anos, empurrada pela pandemia, a Solar aprofundou seu processo de transformação digital. Agora, quando vão para a rua diariamente, seus quase 6 mil vendedores e promotores fotografam as prateleiras, geladeiras e pontos extras em cada bar, restaurante e supermercado visitado.  O algoritmo analisa o espaço ocupado pela concorrência e pela própria Solar, que processa cerca de 1 milhão de imagens por mês e usa os dados para entender a dinâmica do mercado e micro-segmentar os clientes.

No ano passado, a empresa também lançou um aplicativo que já é usado por 160 mil clientes para tirar pedidos e requisitar visitas.

“O mindset da operação mudou muito com a crise,” o CEO do Grupo Simões, Aristarco Martins, disse ao Brazil Journal. “A gente não tinha tempo para discutir nada, tinha que colocar a coisa no ar.  Não tinha tempo para discutir quanto custava um smartphone!  Ou a gente fazia… ou a gente fazia!  A gente sabia que ia errar e ia acertar, mas parado não dava pra ficar.”

“Estou há 30 e tantos anos nesse negócio e sempre que se falava em ‘atender a domicílio’, eu me desesperava.  Agora a gente entrega Coca-Coca na sua casa de uma forma digital.”

A fusão é o mais recente capítulo da consolidação do Sistema Coca-Cola em todo mundo, um processo ao mesmo tempo gradual e espetacular.  Na década de 80, o Brasil chegou a ter mais de 50 engarrafadores da Coca; depois desta fusão, serão apenas oito.

Os acionistas da Solar são a a família Mello (que começou no Mato Grosso na década de 70), o Grupo Calila, da família Jereissati (que começou como Refresco Cearense na década de 80), e a Coca-Cola Company.

Sinchro Partners e Ulhôa Canto assessoraram a Solar.

Inspire Capital Partners e Pinheiro Neto assessoraram o Grupo Simões.

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