A 3R Petroleum anunciou um follow-on que pode chegar a mais da metade do valor de mercado da empresa — e ainda assim, a ação disparou.
Lição do dia: o mercado de ações pode estar difícil para todo mundo, mas não para as empresas de petróleo.
Com o Brent ao redor de US$ 85 e o câmbio a R$ 5,60, o preço do barril em reais está na máxima histórica, e muitos investidores estão buscando exposição a ativos dolarizados antes de um ano eleitoral que promete fortes emoções. O papel da petroleira decolou 12,2% para R$ 38,10.
Em março, a 3R já havia feito um follow-on de R$ 823 milhões em que vendeu suas ações a R$ 36.
A 3R fechou o dia valendo R$ 5 bilhões. Com base nessa cotação, o follow-on poderá movimentar até R$ 2,8 bilhões.
A oferta-base terá ancoragem da Gerval, o family office da família Gerdau. A Gerval é cotista dos fundos da Starboard — o maior acionista da 3R, com 38% do capital — além de ter uma pequena participação direta na empresa.
Depois do follow-on, a Gerval, deverá se transformar num acionista relevante e de longo prazo da 3R, segundo pessoas a par dos planos da gestora.
A oferta-base será de 36,5 milhões de ações, ou quase R$ 1,4 bilhão. Mas a operação prevê um lote adicional que, se for 100% colocado, faz a operação dobrar de tamanho.
O lote adicional será 80% primário (levantando recursos para a companhia) e 20% secundário. A Starboard só venderá se houver demanda para a totalidade da oferta primária.
Os coordenadores são Itaú BBA (líder), BTG, XP, Safra, UBS BB e ABC Brasil.
A 3R chegou à bolsa em novembro de 2020 e, desde então, dobrou sua capacidade de produção, o que reduziu o risco de execução da empresa.
Só neste ano, a empresa anunciou as aquisições dos campos Peroá (Bacia do Espírito Santo); Papa-Terra (Bacia de Campos) e Rio Ventura (Bacia do Recôncavo).
Além disso, ao comprar da Petrobras o chamado ‘cluster Potiguar’ por cerca de US$ 1 bilhão — um cheque que será bancado pela oferta lançada hoje — a 3R aumentou sua produção na Bacia Potiguar de 8 mil para 31 mil barris/dia — mais da metade da produção total da empresa, de 50 mil barris/dia. (Este número assume o closing de todas as aquisições recentes).
Este cluster é particularmente estratégico porque inclui um terminal, uma refinaria e uma unidade de processamento de gás natural. Toda a importação e exportação de combustíveis de quatro estados do Nordeste — Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará — passa por este terminal.