A BR Partners reportou um segundo trimestre mostrando o que o banco diz ser um ponto de inflexão depois de um primeiro tri dramático no mercado de capitais com a crise da Americanas.

O lucro líquido do trimestre foi de R$ 38,7 milhões – 10% acima do esperado pelo BTG e ligeiramente acima do Itaú, que havia revisto sua estimativa quando deu um upgrade no papel há um mês. No semestre, o lucro líquido ficou em R$ 71,8 milhões, com uma margem de 35%.

Ricardo LacerdaO ROE ficou em 19% no trimestre – perto do patamar de 20% que é o objetivo da companhia – em comparação aos 17% no tri anterior.

A BR Partners também anunciou que vai pagar R$ 25 milhões em dividendos, um payout de 65% e o equivalente a R$ 0,24 por unit. A ação agora negocia a 10x o lucro estimado para o ano que vem e 2x o valor patrimonial.

A empresa cresceu em todas as linhas de negócios na comparação sequencial. A receita de investment banking subiu 12,6% para R$ 35 milhões; a de mercado de capitais subiu 24,5% para R$ 30 milhões; e a área de treasury, sales and trading avançou 41,3% para R$ 16,6 milhões.

“Eu acho que o ponto de inflexão aconteceu de maneira muito forte no meio do segundo trimestre,” o CEO Ricardo Lacerda disse ao Brazil Journal. “A partir do final de maio, o mercado superou em grande parte os problemas de crédito, e os investidores passaram a ter um outlook muito mais benigno para o mercado.”

Lacerda disse que a linha de receitas com clientes – um melhor indicador de referência – cresceu 13% na comparação sequencial, mesmo com o primeiro tri se beneficiando da receita de reavaliação dos ativos de private equity, o que acontece uma vez por ano.

Apesar da melhora no sequencial, na comparação com o ano passado o resultado ainda veio pressionado com o ambiente mais fraco para M&As e IPOs.

No primeiro semestre, a receita da companhia somou R$ 204,7 milhões, uma queda de 5,4%.

A maior retração foi na área de investment banking, que caiu 22%, com uma receita de R$ 66 milhões. A companhia disse que a queda teve a ver com o ambiente de negócios mais desafiador, mas que a partir do segundo trimestre a área começou a apresentar sinais de melhora, com um pipeline saudável de M&As e reestruturações.

“Estamos longe de ter um mercado igual ao de 2021, mas já é o começo de um novo ciclo e o vento tem soprado a favor,” disse Danilo Catarucci, o sócio da BR Partners que lidera a área de mercado de capitais.

Este ano, a BR Partners já anunciou seu envolvimento em 20 novas transações, incluindo a recuperação judicial da Light e as renegociações de dívidas da CVC, Marisa e do Santos Futebol Clube.

A unidade mais resiliente foi a de mercado de capitais, cuja receita subiu 4,2% no semestre, na comparação anual, para R$ 54 milhões. A BR Partners trabalhou em 17 emissões de dívidas, de empresas de setores como real estate, varejo e saúde.