O Wells Fargo — o banco favorito de Warren Buffett — concordou em pagar um total de US$ 185 milhões em multas aplicadas por órgãos reguladores, num caso que serve de alerta para empresas que motivam suas forças de venda com incentivos financeiros (boa parte do sistema financeiro).
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No Wells Fargo, um crime que ‘compensa’
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A maracutaia: sem falar com os clientes, funcionários do banco abriam novas contas e transferiam recursos de contas já existentes para estas novas contas, forçando o cliente a pagar taxas e outros encargos. Mais: os funcionários também criavam contas de email falsas para demandar serviços online em nome dos clientes e emitiam cartões de crédito sem seu consentimento. O macete gerou centenas de milhares de contas de depósito e de cartão de crédito não autorizados.
O Consumer Financial Protection Bureau disse que este é um caso de “práticas de vendas ilegais e generalizadas”, e impôs a maior multa de sua breve história. (A agência foi criada no bojo da Lei Dodd-Frank como resposta à crise de 2008, quando se descobriu que muitas instituições financeiras tinham um lado criminoso.)
O Wells Fargo é o terceiro banco dos EUA em ativos e emprega 264 mil pessoas.
O problema por trás da fraude: os incentivos financeiros que os funcionários tinham para abrir novas contas.
“Funcionários do banco colocavam dinheiro temporariamente nestas contas recém-abertas transferindo fundos de contas existentes dos clientes a fim de receber a compensação financeira por cumprir as metas de vendas,” disse o CFPB, para quem “estas práticas de vendas ilegais datam de pelo menos cinco anos.”
Em 2011, o Wells Fargo foi multado pelo Fed por empurrar clientes com crédito bom para hipotecas caras e por falsificar pedidos de empréstimo (os funcionários então tinham os mesmos incentivos de hoje).
O novo escândalo não derrubou a ação do Wells Fargo, mas é uma desgaste para o CEO do banco, John Stumpf, que ou não sabia de nada, ou aprovava a prática.
O pesadelo de relações públicas deve piorar nos próximos dias. À CNN, ex-empregados do banco estão narrando “pressão implacável, metas de venda selvagemente irrealistas e funcionários usando familiares e amigos para abrir contas desnecessárias.”
A Berkshire Hathaway tem 10% do banco (cerca de US$ 24 bilhões) e está buscando autorização do Fed para aumentar sua participação.
Em sua próxima ida à CNBC, Buffett terá que falar sobre o assunto.