A Berkshire Hathaway acaba de fazer uma rara incursão num país emergente ao comprar uma participação na One97 Communications, dona da maior plataforma de pagamentos digitais da Índia, a Paytm. É a primeira aquisição de Warren Buffett no país.

O investimento para a compra de 4% da empresa ficou em torno de US$ 360 milhões, avaliando a indiana em cerca de US$ 10 bilhões. A notícia foi dada em primeira mão pelo jornal indiano Economic Times. A Berkshire confirmou a operação, mas não os valores envolvidos.

10286 40e1b294 13a1 0000 0023 e7d4d8f492bbFundada em 2010 pelo bilionário Vijay Shekhar Sharma, a Paytm já tem investidores de peso como o japonês SoftBank – que investiu US$ 1,4 bilhão na holding ano passado – e a chinesa Alibaba.

A Paytm oferece um sistema de pagamentos para o ecommerce e uma carteira digital para transações no mundo físico – parecido com o modelo do Alibaba com o Alipay. Desde sua fundação, o crescimento da empresa foi estrondoso: são 250 milhões de usuários registrados e 7 milhões de transações processadas por dia.  

A Paytm também está investindo para aprofundar seu ecossistema: no ano passado, lançou um marketplace (o Paytm Mall) para competir com a Amazon e com sua conterrânea Flipkart (comprada pelo Walmart no início deste ano), além de um banco digital, o Paytm Payments Bank. Em abril, o Alibaba e o Softbank injetaram US$ 445 milhões no Paytm Mall, dando ao marketplace um valuation de quase US$ 2 bi.

A Paytm também deu sorte. Em novembro de 2016, o governo da Índia decidiu recolher todas as notas de 500 e mil rúpias, cortando 86% de todo o meio circulante numa tentativa de combater a corrupção e o mercado negro. 

O cenário criou um terreno fértil para o crescimento de alternativas digitais de pagamento, como as oferecidas pela Paytm. A empresa nadou de braçada. Com uma ampla campanha publicitária, focada principalmente nas regiões rurais do país, conseguiu dobrar suas transações diárias em poucos dias. “Do dia para a noite, passamos de algo novo para uma necessidade”, Sharma, o fundador, disse à Bloomberg no ano passado.

As perspectivas para a empresa também são animadoras. Segundo o Credit Suisse, a indústria indiana de pagamentos digitais deve quintuplicar seu faturamento até 2023, quando deve atingir US$ 1 trilhão/ano.

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