O Itaim está afogando em bicicletas e patinetes compartilhadas — e startups como a Yellow estão sentadas numa pilha de dinheiro — mas um pequeno player da mobilidade urbana logo pode ter que parar de pedalar.

A Bikxi, uma espécie de Uber das bicicletas, suspendeu as operações há cerca de 15 dias, enquanto corre contra o tempo para encontrar funding — ou um patrocinador — para o negócio.

Com o fim de alguns contratos, o dinheiro simplesmente acabou.

Fundada em 2017 por Danilo Lamy, um ex-executivo do Standard Chartered, a startup foi uma das primeiras a tentar introduzir, no caos de São Paulo, uma opção sustentável e barata de mobilidade.

O modelo é diferente do Uber porque as bicicletas pertencem à startup, que contrata ciclistas para trabalhar como condutores. (O nome da empresa é uma mistura da palavra ‘bike’ com ‘táxi’.)

O usuário pede a bicicleta por aplicativo, informando o local de origem e destino, e o condutor da bike vai ao ponto de encontro mais próximo pegar o passageiro — que viaja sentado no banco de trás da bicicleta de dois lugares.

Até o fim do mês passado, a Bikxi operava com 21 bikes em São Paulo e 40 ciclistas parceiros. Em abril, atingiu o recorde de 2 mil viagens/mês.

“Um dos problemas foi essa explosão na oferta de patinetes e bicicletas. Elas vieram muito rápido, com muito capital e isso pressionou nossa operação,” Lamy disse ao Brazil Journal. “Mesmo se quiséssemos, por exemplo, não teríamos como aumentar o preço das viagens.”

Mas o grande golpe foi o fim de alguns contratos de patrocínio. A Bikxi tinha duas fontes de receita: as viagens, cobradas por km e que tinham tíquete médio de R$ 7, e as parcerias com grandes empresas, que fechavam contratos de curto prazo para expor suas marcas nas bicicletas e ‘ativar’ produtos junto aos clientes.

As parcerias representavam mais de 60% da receita.

Até dezembro, tudo corria conforme o script: as viagens cresciam mês a mês e os contratos com grandes marcas, como a Colorado, da Ambev, e a Kero Coco, da Pepsico, eram frequentes.

“Estávamos com geração de caixa positiva,” diz Lamy. “Mas na virada do ano nenhuma das empresas renovou o contrato e nosso fluxo de caixa chegou num ponto final.”

Sem cash, a operação parou, mas Lamy não desistiu do sonho: está negociando com algumas empresas um modelo de patrocínio de longo prazo, igual ao do Itaú com a Tembici. 

Os usuários estão na torcida.

“A Bikxi facilitou muito minha vida,” diz Zélia Lobo, uma funcionária da Cosan que já fez mais de 400 viagens com o app. “Eu usava todos os dias para trabalhar e sempre que tinha reuniões. Era parte do meu dia a dia.”

Quando fundou a Bikxi, Lamy queria correr uma maratona: sua meta era expandir para outras regiões de São Paulo e levar as bicicletas a várias cidades do Brasil.

Mas agora — se o dinheiro não aparecer — pode ter que parar de pedalar nos primeiros quilômetros da corrida.

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