Executivos da Anheuser-Busch InBev, Heineken e Diageo têm se reunido com as principais fabricantes de marijuana do Canadá e feito visitas às suas plantas (perdoem o trocadilho). 

As conversas, reportadas hoje pelo The Globe and Mail, sugerem que novas parcerias e investimentos podem estar a caminho, juntando, de um lado, um setor maduro que está tentanto lutar contra a queda nas vendas e, de outro, uma indústria que está apenas começando, mas cujo potencial de mercado é promissor.

Além de potenciais sinergias, como a criação de produtos híbridos, está cada vez mais claro que a indústria de bebidas vê os fabricantes de cannabis como um hedge. 
 
Nos estados americanos que aprovaram o uso recreativo ou medicinal, o consumo de cerveja caiu 15% desde a legalização. E, mesmo no agregado, a coisa vai mal para os cervejeiros. Segundo um estudo da Euromonitor, nos últimos cinco anos as vendas de cerveja caíram mais de 12% na América do Norte, e as previsões não são nada animadoras. Até 2022, a expectativa é de um recuo de mais 14%.  
 
A tese do cannabis como hedge contra a queda nas vendas, no entanto, não está pacificada. Para alguns analistas, a maconha de uso recreativo é muitas vezes compartilhada em eventos sociais que também incluem cerveja.
 
A primeira grande transação juntando a erva e a breja aconteceu no ano passado, quando a Constellation Brands, que fabrica a Corona nos Estados Unidos, comprou 9,9% da canadense Canopy Growth. Há duas semanas, a Constellation dobrou a aposta: pagou US$ 4 bilhões e aumentou sua participação para 38% — e, pelo acordo, pode passar de 50% nos próximos três anos.
 
A Canopy e a Constellation já estão desenvolvendo bebidas feitas à base da planta — como infusões com THC e CBD — e querem, após a legalização do uso recreativo, inundar o Canadá com esses produtos. 


“Essas bebidas não terão calorias e te farão se sentir animado”, Bruce Linton, CEO da Canopy, disse na CNBC. “Estamos falando de ir em um bar e tomar uma ‘tweed and tonic’ (como esse tipo de bebida tem sido chamado).” Ele disse que os produtos poderão ter 80 misturas diferentes com canabinóides. 

A Heineken acaba de lançar um produto semelhante em mercados específicos por meio de sua marca Lagunitas (uma joint venture com a CannaCraft, produtora de maconha da Califórnia). A americana Molson Coors também está se movimentando e fechou em agosto uma joint venture com a canadense The Hydropothecary Corporation para buscar oportunidades nesse segmento.

A maior parte das oportunidades na indústria de marijuana se encontra no Canadá, onde o setor encontrou um terreno fértil, em termos regulatórios e legais, para crescer. Mas, nos Estados Unidos, há também um mercado em ebulição. Dez estados já permitem o uso recreativo da cannabis, e 30, o uso medicinal. 
 
Por enquanto, quem investiu nessa indústria já percebeu que o bagulho é sério: as ações das empresas de maconha têm decolado nos últimos anos.  O Marijuana Index, que acompanha a evolução dos papéis de 35 companhias listadas nas bolsas do Canadá e dos EUA, valorizou mais de 500% do início de 2016 até hoje. 

 
Na foto acima: a Lagunitas, uma infusão de maconha desenvolvida pela Heineken em parceria com a CannaCraft, produtora de maconha da Califórnia.
 
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