Wilson Ferreira Jr. acaba de renunciar ao cargo de CEO da Eletrobras cerca de um ano depois de reassumir o comando depois da privatização da companhia. 

10291 839cecde 002d 0059 09e1 c8172e533b0aO executivo – um dos mais respeitados do setor – alegou razões pessoais, e o conselho imediatamente nomeou Ivan Monteiro como sucessor, colocando no cargo um nome experiente com trânsito político num momento em que a Eletrobras sofre pressão do Governo Federal.

Ivan – o ex-CFO do Banco do Brasil e ex-chairman do Credit Suisse – já era o executive chairman da Eletrobras e já estava por dentro do dia-a-dia da companhia.

O novo chairman da empresa será o consultor Vicente Falconi, que já fazia parte do conselho.

Segundo uma fonte a par do assunto, a relação entre Wilson e o conselho “já era difícil há algum tempo” e a troca não tem nada a ver com a pressão de Brasilia.

10157 a98cb07c 74ae 01a9 0000 7ef77c7e064cDe um jeito ou de outro – tenha havido um acordo ou não para a troca do executivo – a narrativa de um acordo serve aos dois lados: a Eletrobras poderá deixar implícito que cedeu algo ao Governo, e este poderá declarar vitória junto à sua base.

Wilson havia sido o CEO da Eletrobras entre 2018 e 2021, quando executou uma transformação na gigante elétrica – com cortes de custos e venda de ativos – preparando a empresa para a privatização.

Em janeiro de 2021, quando a possibilidade da privatização parecia remota, Wilson deixou a companhia para assumir o comando do Vibra.

Após a privatização, no entanto, foi chamado de volta para a companhia. 

A troca do executivo vem num momento politicamente delicado, em que o Governo Lula tem atacado a privatização da companhia. 

Em maio, a AGU entrou com uma ação de inconstitucionalidade questionando a quantidade de assentos que o Governo tem no conselho da Eletrobras (1 de 9) e pedindo que o Governo possa votar com os 40% do capital que detém – desafiando a lei da privatização, que impôs um limite de 10% no poder de voto para qualquer acionista.