Sofrendo um ultimato do Ministério Público e da Polícia Federal, o conselho de administração da Vale aceitou sábado à noite o pedido de afastamento temporário do CEO Fabio Schvartsman, decepando a liderança da empresa no momento em que a Vale lida com a tragédia de Brumadinho.

 
10135 9d6434ea 1a98 1daf 02d0 a9b671b61927Num documento entregue ao conselho da Vale na sexta-feira, integrantes do Ministério Público Federal, do Ministério Público de Minas Gerais e da Polícia Federal recomendaram “o imediato afastamento” de Fabio e outros três diretores: Gerd Peter Poppinga, diretor-executivo de ferrosos e carvão; Lúcio Flavio Gallon Cavalli, diretor de planejamento; e Silmar Magalhães Silva, diretor de operações do corredor Sudeste.  
 
Todos foram afastados.
 
O MP e a PF forçaram a mão do conselho com a seguinte frase:  “A partir da data da entrega desta recomendação, seus destinatários são considerados como pessoalmente cientes da situação ora exposta e, nesses termos, passíveis de responsabilização por quaisquer eventos que lhes forem imputáveis.”
 
Em substituição aos afastados, a Vale nomeou Eduardo Bartolomeo como CEO interino; até agora, ele era o diretor-executivo de metais básicos.  Claudio Alves, até agora o diretor de pelotização e manganês, ocupará interinamente a função de diretor-executivo de ferrosos e carvão. Mark Travers, o atual diretor jurídico, de relações institucionais e sustentabilidade, passa a ser diretor-executivo interino de metais básicos.
 
Quando assumiu o cargo, em maio de 2017, Schvartsman disse que o lema de sua gestão seria “Mariana nunca mais”. Um trecho de seu discurso dizia:
 
“Para a Vale, que é uma empresa de recursos naturais, sustentabilidade não é uma opção, mas uma obrigação. A verdadeira sustentabilidade é sobre postura e atitude. Além disso, devemos adotar juntos um lema: ‘Mariana nunca mais’. Que tenha sido a última vez que essa empresa esteja envolvida direta e indireta num desastre ecológico e social da dimensão que foi Mariana. Quero ter junto com vocês o compromisso de ser referência mundial de sustentabilidade.”
 
Para uns, a repetição do mesmo tipo de tragédia deveria ter levado à sua remoção imediata do cargo.  Para outros, a Vale precisava de estabilidade e continuidade para lidar com a escala homérica de problemas advindos da tragédia.