A Temu, a plataforma chinesa de ecommerce de ‘ultra fast-fashion’ e artigos para a casa, abriu um novo processo nos tribunais americanos contra sua maior concorrente, a Shein.

Dessa vez, a acusação é de que a rival estaria fazendo intimidações “estilo máfia” contra os fornecedores para barrar o seu avanço nos EUA.

“O comportamento anticompetitivo da Shein não apenas foi mantido, ele foi intensificado,” diz um trecho da acusação. “O uso persistente e crescente pela Shein de condutas anticompetitivas, coerções, e ameaças exige esse processo.”

No processo, os representantes da Temu dizem que a Shein vem se aproveitando de seu domínio comercial para “barrar o acesso da Temu a fornecedores por meio de acordos de exclusividade, intimidações ao estilo da máfia, e uma exigência anticompetitiva de preços mínimos.” 

“Abrimos o processo porque eles escalaram as suas ações,” um portavoz da Temu disse à CNBC.

Ainda segundo o representante, “eles passaram a reter comerciantes de maneira ilegal, fizeram com que eles entregassem os telefones deles, invadiram as contas e as senhas de nossos fornecedores, roubaram nossos segredos empresariais e, ao mesmo tempo, forçaram os fornecedores a sair de nossa plataforma.”

O processo foi apresentado no Distrito de Columbia pela WhaleCo, a operadora da Temu nos EUA. 

Segundo a acusação, a Shein fez um uso inapropriado da legislação de propriedade intelectual para intimidar comerciantes e impedir que os fornecedores usem a plataforma do concorrente.

Entre janeiro e outubro, a Shein teria feito 33 mil pedidos de retirada de produtos da plataforma da Temu sob alegação de infração à propriedade intelectual, usando como base o Digital Millennium Copyright Act (DMCA), a lei americana antipirataria. 

Mas segundo a Temu, as acusações são sem fundamento, e muitas vezes dizem respeito apenas às fotos usadas no site, e não aos produtos em si.

No texto, a Temu alega que o seu avanço no mercado americano teria contribuído para reduzir o valuation da Shein em US$ 30 bilhões. 

Em seu possível IPO nos EUA, a Shein busca superar US$ 90 bi em valor de mercado.

No processo, os representantes da Temu relatam que a Shein “aprisionou” vendedores e os reteve por várias horas em seus escritórios, confiscando seus aparelhos eletrônicos e os ameaçando com penalidades por trabalhar com a rival.

A Shein respondeu que o processo “não tem mérito, e vamos nos defender vigorosamente,” segundo a Reuters.

A Shein chegou primeiro ao mercado americano, iniciando suas operações nos EUA em 2017. Hoje domina aproximadamente 75% das vendas no segmento ‘ultra fast-fashion.’

O conflito entre as duas começou depois que a Temu entrou nos EUA em setembro de 2022. A gigante rival teria então iniciado uma estratégia de blindar seu domínio por meio de intimidação de fornecedores que trabalham com a concorrente.

Além disso, em dezembro passado a Shein abriu um processo contra a Temu, acusando-a de infringir o copyright de mercadorias.

A Temu já havia também aberto um processo contra a rival, em julho, acusando-a de abusar de seu poder de mercado e ferir as leis antitruste, ameaçando fornecedores e forçando-os a fechar contratos de exclusividade.

Essas disputas foram arquivadas em outubro, depois de um acordo. Agora, entretanto, a Temu decidiu voltar aos tribunais.

Ambas as companhias estão sendo monitoradas pelas autoridades americanas. Um relatório da Câmara concluiu que as chinesas exploram brechas das regras comerciais dos EUA e conseguem fazer importações sem pagar tarifas nem submeter as mercadorias a análises de conformidade com o respeito aos direitos humanos.

 

SHEIN VS. TEMU – ROUNDS ANTERIORES

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