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Giambiagi: ajuste primeiro; corte de juros depois. “A ordem altera o resultado”

9 de fev, 2023

O Tesouro gasta uma “enormidade” em juros, uma conta que deve alcançar R$ 700 bilhões em 2023. Por isso é “tentador”, para o governo, “cortar os juros e gastar em outra parte”, afirma o economista Fabio Giambiagi, um dos maiores especialistas em finanças públicas do País. “Mas não podemos reduzir os juros para diminuir o déficit. Precisamos tomar medidas de ajuste e, como consequência, ao longo do tempo, teremos uma redução da despesa com juros”, diz. “A ordem dos fatores altera o resultado”.

Em sua visão, decisões políticas do lado fiscal não podem interferir na política monetária. Uma derrubada “arbitrária” dos juros aumentaria a inflação e levaria investidores e poupadores a sair do sistema financeiro, protegendo-se com a compra de ativos reais e dólares, semelhante ao que se vê na Argentina. “O governo ficará satisfeito se tivermos uma fuga de capital?”

Para Giambiagi, é “exagero” afirmar o Brasil corre risco de virar uma Argentina, onde a inflação atingiu 95% no ano passado. “Mas isso não quer dizer que não haja problemas. A dívida brasileira é elevada.”

Giambiagi, que é pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), diz ainda que o teto de gastos é “pedagógico na relação entre governo e sociedade”. A falta de restrições, afirma, pode elevar mais os gastos. Para ele, agora, “o sucesso do governo Lula dependerá da redução de despesa assistencial”. 

 

 

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