Fei-Fei Li, a cientista da computação conhecida como ‘madrinha da inteligência artificial’ e grande responsável pelos avanços em computação visual, acaba de fundar uma startup que, em apenas quatro meses de vida, já vale mais de US$ 1 bilhão.
Segundo o Financial Times, a World Labs, que Li fundou em abril, recebeu duas rodadas de investimentos de lá para cá.
A nova empresa está criando um modelo que “compreende o mundo físico tridimensional,” de acordo com um venture capitalista ouvido pelo FT.
O aporte mais recente na startup, de US$ 100 milhões, foi bancado pela Andreessen Horowitz e pelo Radical Ventures, um fundo canadense de IA do qual Li é sócia.
Li é co-diretora do Human-Centered AI Institute de Stanford, e liderou o Google Cloud de 2017 a 2018. Seu trabalho de quase duas décadas foi determinante no desenvolvimento do ramo da IA de interpretação de dados visuais, por meio de um sistema chamado ‘inteligência espacial.’
As startups americanas de IA atraíram US$ 27 bilhões nos últimos três meses – metade do total aplicado em startups nos EUA no período, segundo dados do PitchBook citados pelo FT.
A World Labs pode contribuir em aplicações em robótica e realidade aumentada – passos essenciais para ‘livrar’ a IA de uma existência virtual e aplicá-la em máquinas capazes de interagir com o mundo físico.
Em maio, quando noticiou a fundação da startup, a Reuters disse que o objetivo seria desenvolver máquinas com capacidade avançada de raciocínio a partir de um modelo que replica o processamento humano de informações visuais.
“A natureza criou esse ciclo virtuoso de ver e fazer, movido pela inteligência espacial,” disse Li durante uma apresentação na TED de Vancouver, em abril (With spatial intelligence, AI will understand the real world).
“Hoje não estamos mais satisfeitos em ter apenas o presente da natureza da inteligência visual,” afirmou ela. “A curiosidade nos leva a criar máquinas que possam enxergar de maneira tão inteligente como nós – ou até melhor.”
A cientista, de origem chinesa, liderou o desenvolvimento do ImageNet, uma vasta base de dados com 15 milhões de imagens usada para a pesquisa em reconhecimento visual e espacial. Li começou a trabalhar nesse projeto em 2007, quando era professora em Princeton.
A curadoria de seu laboratório sistematizou as informações visuais e ajudou no desenvolvimento da tecnologia que possibilitou que os sistemas computacionais pudessem, pela primeira vez, identificar e categorizar imagens com elevado grau de precisão. Os algoritmos conseguem, por exemplo, reconhecer a dinâmica de objetos em movimento.
Nascida em Pequim, Li mudou-se para os EUA com a família em 1988, quando tinha 12 anos.
No ano passado ela publicou o livro The world I see, em que fala de sua trajetória pessoal e também dos avanços no desenvolvimento da inteligência artificial. (Barack Obama colocou o livro em sua lista de leituras sugeridas em 2023.)
Li foi diretora do laboratório de inteligência artificial de Stanford e, em 2019, ajudou a fundar o Human-Centered AI Institute da universidade.
A cientista também faz parte do grupo de trabalho de IA do Governo americano e, além de cargos executivos no Google, já esteve no conselho do Twitter.