A OYO Rooms, uma startup indiana fundada em 2013 e que já vale US$ 5 bilhões, está transformando a hotelaria na Ásia com uma fórmula aparentemente simples: oferecer hospedagem (muito) barata e garantindo um padrão de qualidade.
A Índia carece de grandes redes econômicas — o Ibis, por exemplo, só tem 19 hotéis no país de 1,2 bilhão de habitantes — e muitos dos hotéis populares oferecem condições degradantes.
É aí que entra o modelo da OYO, que parte de uma diária de US$ 16 e se transformou em pouco tempo num sucesso estrondoso.
Criada por Ritesh Agarwal, um jovem estudante de 19 anos que ganhou a Thiel Fellowship — a bolsa dada por Peter Thiel, fundador do PayPal, a jovens empreendedores — a OYO faz parcerias com hotéis independentes, disponibilizando os quartos na sua plataforma de booking.
A grande sacada é que antes de incluir os hotéis na base, ela envia funcionários ao local para adaptar as instalações a um padrão mínimo de qualidade. As exigências vão desde o acesso à internet e a oferta de banho quente até a qualidade das roupas de cama e do café da manhã.
Depois de dar a nova roupagem, os hotéis passam a fazer parte da rede, adotando a marca OYO. Para garantir que mantenham sempre o mesmo padrão, a startup faz fiscalizações diárias nos imóveis.
De um único hotel na cidade de Gurgaon, no norte da Índia, a OYO se tornou em seis anos o maior player de hospedagem do país em número de unidades. Nas 350 cidades em que está presente, a OYO disponibiliza mais de 100 mil quartos em 10 mil hotéis parceiros.
Em cidades pequenas, algumas famílias chegam a fazer check-in nos hotéis da OYO quando a energia acaba em suas casas, ou fogem do calor se hospedando em quartos com ar condicionado.
Obviamente, a OYO teve que investir pesado em tecnologia. A empresa desenvolveu um algoritmo que decide os preços das estadias num modelo parecido com o Uber (as regiões com alta demanda custam mais do que aquelas onde a procura é baixa), e oferece um app que permite realizar todas as transações dos hotéis, desde o check-in e check-out até compras pontuais.
Agora, as ambições da OYO são globais.
Com presença em outros cinco países da Ásia, entre eles a China e a Indonésia, a OYO acaba de entrar no Reino Unido, onde planeja fechar parceira com 300 hotéis até 2020.
Em sua última rodada de capital, finalizada em dezembro, a startup levantou US$ 1 bilhão para dar tração à sua expansão internacional. O maior foco: o mercado chinês.
O SoftBank, que já investe na empresa desde 2015, liderou a rodada, que contou também com a Sequoia Capital e a Grab, o app de mobilidade que compete com o Uber na Ásia.
Nos próximos meses, a OYO disse que vai despejar US$ 600 milhões na China, o mercado no qual ela tem crescido mais rápido. Em menos de um ano de operação, a OYO já tem 87 mil quartos em 171 cidades chinesas.
No fim de 2017, a startup lançou também a OYO Home, com um modelo bem semelhante ao do Airbnb. Até o momento, a OYO Home está presente em 25 cidades da Índia e acaba de entrar em Dubai.
Na captação de dezembro — a décima desde sua fundação — a OYO foi avaliada em mais de US$ 5 bilhões, tornando-se uma das startups mais valiosas da Índia e se aproximando do valuation de grandes redes globais de hotéis. Para efeito de comparação: a americana Hyatt, fundada há mais de 60 anos, vale US$ 8 bilhões na Bolsa de Nova York.