Dois nomes reconhecidos no mercado brasileiro quando o assunto é ESG estão se juntando num novo projeto.

Fabio Galindo, que foi chairman da Aegea num período de crescimento explosivo da empresa; e Marina Cançado, que passou dois anos na XP como sócia e head de investimentos sustentáveis, estão se unindo para criar o Future Carbon Group (FCG), uma desenvolvedora e negociadora de créditos de carbono.

“Nosso grande business será a conversão do potencial de carbono em carbono real,” Fabio disse ao Brazil Journal. “Nosso time tem mais de uma década de experiência em projetos de carbono.”

10904 f5c37e51 e9cc 9105 3dd5 8890ca21e587Marina e Fabio serão co-CEOs do FCG, que tem outros dois sócios fundadores: Marcelo Haddad e Thiago Othero, ambos vindos da consultoria Sustainable Carbon. 

A aposta deles é que o Brasil será protagonista na agenda global de descarbonização. O papel do FCG será profissionalizar, trazer escala e investidores a esse mercado – que hoje, segundo eles, ainda funciona de forma artesanal, projeto a projeto, num trabalho de consultores ainda muito lento e com dificuldades de acessar capital. 

“A meta é ajudar o mercado a ver o carbono e a transição para uma economia carbono-zero não como um custo, mas como uma oportunidade de destravar valor das suas cadeias de negócio,” disse Marina. 

O FCG será uma holding full service, controlando sete companhias. 

A Future Forest vai trabalhar com a geração de crédito de carbono em florestas, seja na restauração ou na conservação. Os clientes serão produtores rurais ou empresas que sejam donas de florestas. 

A equipe da Future Forest vai fazer a análise de viabilidade do potencial de geração de crédito de carbono naquela área, depois vai desenvolver o projeto para ser submetido a uma certificadora e também acompanhar o processo de validação desse projeto, além de fazer a verificação do carbono nos períodos determinados. 

A remuneração por esse trabalho de aportar a inteligência para desenvolver e validar o projeto será um share do crédito de carbono que será gerado. “Acreditamos tanto no mercado que seremos pagos com o produto que ajudamos a gerar,” disse Fabio. 

Fabio galindoEsse modelo vai se repetir na Future Energy, que vai atender plantas eólicas e solares; e futuramente na Agro Carbon, que vai trabalhar com pecuaristas na redução de emissão de gás metano;  e com agricultores na questão de sequestro de carbono no solo pela rotação de culturas. 

A quarta empresa é a Future Solutions, que vai provocar as grandes corporações a olhar para a sua cadeia de negócio para identificar oportunidades e definir sua jornada climática. 

Além de gerar os créditos, o grupo também vai atuar na gestão desses ativos por meio de seu braço financeiro, a Carbon Finance, que terá uma mesa de trade diário de carbono e vai também estruturar produtos, disse Marina, que dedicou sua carreira a trazer o capital privado para as questões sociais e ambientais. 

Esse braço está fechando parcerias com gestoras de recursos para colocar esses produtos de pé – ela cita um fundo que poderá comprar  junto com parceiros terras para desenvolver os projetos carbono zero; e um veículo que viabilize o pagamento adiantado para o produtor do fluxo de carbono futuro. 

Por fim, a Future Carbon Tech, que vai olhar para ativos ambientais digitais, como NFTs; e a Future Carbon Academy, um braço educacional e de  formação de talentos.  

A criação da Future Carbon vem logo após o decreto que definiu o crédito de carbono como um ativo financeiro. 

A FCG está em contato com investidores – tanto para investir em seus produtos quanto para entrar em seu cap table.