Quem mora em São Paulo conhece o drama.

Agora, uma startup quer acabar com um dos maiores infortúnios cotidianos: estar sem guarda-chuva quando mais se precisa dele.

Fundada no início do ano passado, a Rentbrella é uma rede de compartilhamento de guarda-chuvas que funciona com ‘estações’ de locação espalhadas pela cidade. O cliente vai até a máquina, escaneia um QR Code, e paga R$ 1 por cada hora de uso.

A devolução pode ser feita em qualquer uma das estações — um aplicativo mostra onde elas estão. Se quiser levar o guarda-chuva para casa é cobrado mais R$ 1 pela pernoite e a startup dá ainda a possibilidade de comprar o guarda-chuva por R$ 34. Por enquanto, no entanto, só 5% dos usuários tem escolhido ficar com o produto; já a taxa de quebra é de ínfimos 0,1%.

A ideia, obviamente, nasceu da experiência de um dos fundadores.

Em meados de 2015, Nathan Janovich — um ex-diretor da Loggi e da 99Motos — saia de um metrô de São Paulo quando foi pego por um temporal. Enquanto esperava a chuva acabar viu uma bicicleta compartilhada passando no meio do dilúvio e a ficha caiu na hora: “se dá pra compartilhar bike, por que não guarda-chuva?”.

No dia seguinte ligou para Freddy Marcos, um amigo de longa data, e os dois começaram a estruturar o projeto.

Demorou três anos, mas a ideia saiu do papel.

Hoje, a startup já tem mais de 50 estações de aluguel em grandes prédios comerciais de São Paulo, principalmente na região da Paulista, Berrini e Faria Lima. No total, são cerca de 17 mil guarda-chuvas.

A meta: inaugurar mais 300 máquinas na cidade até o fim do ano, expandindo para estabelecimentos como padarias, shoppings e restaurantes e para estações de metrô. Mas a grande ambição é abrir as primeiras unidades de aluguel fora do País.

Os primeiros destinos: Nova York e Londres.

“Nossa ideia é tentar reduzir o impacto da sazonalidade buscando operar em diversas regiões que se complementam”, Freddy Marcos, o co-fundador, disse ao Brazil Journal. “O principal requisito é ser uma cidade com alta incidência de chuvas, como Londres, e grande densidade demográfica.”

Só depois da expansão internacional — que já está “praticamente encaminhada” — a startup pensa em desbravar outras cidades brasileiras. A próxima deve ser Curitiba.

No modelo atual, a Rentbrella tem três formas de ganhar dinheiro: os aluguéis pagos pelos usuários; um valor mensal pago pelos prédios e estabelecimentos que querem ter o sistema mas não cumprem os requisitos (um número mínimo de frequentadores, por exemplo); e receitas com publicidade — uma frente que começou a ser explorada agora e é a grande aposta dos fundadores.

Até o momento, apenas uma campanha foi feita, mas a ideia é se viabilizar como mais uma alternativa de veículo ‘out of home’ para os anunciantes. Em meados de dezembro, as estações da Rentbrella amanheceram com um anúncio da Disney, divulgando o filme “O Retorno de Mary Poppins” (veja imagem abaixo).

Segundo Freddy, anúncios de outras empresas já estão na fase final de negociação. “Nosso objetivo de longo prazo é nos posicionar como um veículo de mídia”, diz.

Desde sua fundação, a startup levantou R$ 5 milhões em três rodadas de capital: a primeira com investidores-anjo e outras duas, de ‘seed money’, com fundos de venture capital como o Duxx Investimentos.

Os recursos são usados principalmente para a produção das estações, que são feitas numa fábrica própria em São Carlos, no interior de São Paulo. O hardware foi desenvolvido pelos fundadores em parceria com a USP São Carlos. Já os guarda-chuvas são importados da China.

Pioneira no Brasil, a Rentbrella nasceu um pouco depois de uma leva de startups de umbrella sharing surgirem pelo mundo.

A ‘Sharing E Umbrella’, fundada em 2017 na China e que operava num modelo dockless (em que o guarda-chuva podia ser deixado em qualquer lugar), foi um dos casos mais icônicos desse mercado.

Sem cobrar nenhuma multa no caso de perda, a empresa viu todos os seus 300 mil guarda-chuvas sumirem do mapa em poucas semanas.

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