O Bradesco aprovou ontem a venda de seus créditos contra a Editora Abril para a Enforce, uma empresa do BTG Pactual, permitindo que a venda do grupo ao empresário Fabio Carvalho chegue aos trâmites finais.

O banco era o único que ainda não havia concordado com a venda da dívida, que implica um ‘haircut’ [um desconto no principal] de 92%.

O contrato de venda da Abril — em recuperação judicial desde 15 de agosto — foi assinado em 20 de dezembro.  Pelo acordo, os irmãos Giancarlo, Victor e Roberta Civita recebem um valor simbólico de R$ 100 mil e passam adiante R$ 1,6 bilhão em dívidas com bancos, fornecedores e funcionários. A dívida bancária é de R$ 1,1 bilhão.

A troca de controle da Abril foi aprovada pelo CADE em 8 de janeiro, mas faltava a chancela dos três bancos credores. Itaú e Santander já haviam dado o sinal verde, mas possuem menos de 40% da dívida. Os bancos detêm as marcas VEJA e Exame como garantia a seus créditos, assim como o prédio da Abril na Marginal Tietê.

A aprovação do Bradesco significa que Carvalho poderá assumir o controle da Abril já na semana que vem ou depois do Carnaval, dependendo da rapidez com que os contratos forem finalizados.

Após o fim da recuperação judicial, Carvalho terá nas mãos uma empresa com dívida de R$ 250 milhões e geração de caixa negativa.  

 
Em 2018, estima-se que a Abril faturou R$ 1,3 bilhão e teve um EBITDA negativo de R$ 200 milhões. A empresa ainda não publicou seu balanço.