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Os bastidores da tortura no Brasil

11 de dez, 2024

Marcelo Godoy, jornalista do Estadão, dedicou mais de duas décadas à investigação sobre a tortura e a repressão durante a ditadura militar no Brasil, trabalho que consolidou nos livros A Casa da Vovó e Cachorros. “Na cabeça de quem vivia essa lógica de guerra, todos os meios eram permitidos”, diz ele neste episódio de Lado B

Entre os exemplos mais emblemáticos, está o DOI-COD de São Paulo, conhecido como “Casa da Vovó”, um dos principais centros de tortura da ditadura. “O desaparecimento de opositores tornou-se o padrão. Ninguém queria voltar à situação pré-1964, com um partido comunista forte atuando.”

O jornalista detalha como os militares, inspirados pela doutrina da contrainsurgência francesa, utilizaram a tortura e o desaparecimento forçado como ferramentas para desmontar a oposição política, legitimando práticas brutais em nome de uma guerra interna. Ele narra casos como o de Severino Teodoro de Mello, infiltrado na cúpula do PCB após ser capturado e torturado. Essa colaboração forçada resultou em uma devastadora operação contra o partido, culminando em prisões, mortes e no enfraquecimento de sua relevância política. 

Godoy também critica a falta de regulamentação clara sobre as funções da inteligência militar, o que permitiu a perpetuação de desvios mesmo após o fim da ditadura. “Temos uma legislação falha no sentido de dizer quais são as obrigações de cada órgão do serviço de inteligência. Qual o sentido de o serviço de inteligência militar atuar contra o PCB, que foi legalizado em 1985 e, a partir de 1992, já havia se transformado no PPS? Não é função da inteligência militar se imiscuir na política interna.”

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