Chrystia Freeland, a ex-ministra das Finanças do Canadá e candidata a suceder o primeiro-ministro Justin Trudeau, disse que seu país tem “alavancagem” comercial para enfrentar as ameaças de Donald Trump e quer se aliar a empresários americanos para impedir a imposição de tarifas de importação.
“Temos ‘alavancagem’ (leverage) sobre vocês,” Freeland disse à Bloomberg. “Vocês não exportam muito, mas quando exportam vendem para os seus amigos canadenses. Somos para os EUA um mercado maior do que China, Japão, Reino Unido e França somados.”
“Temos ‘alavancagem negativa.’ Se você nos atacar, temos capacidade para atacar de volta,” disse Freeland. “Mas temos também ‘alavancagem positiva.’ Há muito que podemos oferecer a vocês, americanos.”
Freeland sugeriu retaliar “dólar por dólar” – tendo como alvo, por exemplo, os laranjas da Flórida, os laticínios do Wisconsin e os eletrodomésticos feitos em Michigan.
“Quero que os trabalhadores que fazem as máquinas de lavar louças nas fábricas de Michigan telefonem para a Casa Branca e digam, ‘Hey, Sr. Presidente! Quê isso?? Adoramos vender para o Canadá,” disse Freeland na entrevista.
Trump disse que anunciará tarifas contra o Canadá e o México amanhã. Ele vem ameaçando impor alíquotas de até 25% caso os vizinhos não bloqueiem o fluxo de imigrantes ilegais para os EUA e não combatam o tráfico de fentanil.
O Partido Liberal definirá o sucessor de Justin Trudeau em março.
Jornalista, Freeland fez carreira política no partido, tem cadeira no Parlamento desde 2015 e ocupou diferentes postos no gabinete de Trudeau. O último deles foi o Ministério das Finanças, de 2020 a dezembro de 2024.
Ela era Ministra de Comércio Internacional durante o primeiro Governo Trump. Ganhou fama de ser dura e agressiva nas negociações dos termos do novo acordo de livre-comércio entre EUA, Canadá e México – o USMCA, sucessor do Nafta (North American Free Trade Agreement).
“Trump pensa que estamos à venda e que pode nos tratar com arrogância,” disse Freeland. “Um forte plano de retaliação é a melhor defesa e é a arma mais efetiva para enfrentar Donald Trump.”
Freeland defende também fazer uma aliança estratégica com países que estão sob ameaças de Trump, como México, Dinamarca e Panamá, além da União Europeia.
Na disputa pela liderança do Partido Liberal ela vai enfrentar um adversário difícil: Mark Carney, o ex-presidente dos bancos centrais do Canadá e do Reino Unido.