A Stake — uma plataforma de investimentos que permite a estrangeiros investir na Bolsa americana — acaba de levantar US$ 40 milhões para o mesmo modelo de negócios de sua rival Avenue: conquistar investidores cada vez mais convencidos da importância de ter parte de seus recursos no exterior.

11455 c6b10de0 f582 2ca1 4c52 1930045e3371A rodada Série A avaliou a Stake em cerca de US$ 200 milhões (mais de R$ 1 bi ao câmbio de hoje), e foi bancada pela DST Global — a gestora americana que já investiu em startups brasileiras como Nubank, Loft e Neon — e a Tiger, um investidor de early stage do Facebook e LinkedIn. 

A capitalização — a primeira da empresa com investidores institucionais — deve cobrir as necessidades de caixa por mais dois anos. 

Fundada na Austrália há quatro anos, a Stake tem 350 mil clientes e opera em apenas quatro países. No Brasil, onde entrou no ano passado, tem cerca de 30 mil usuários. 

A Stake não é exatamente uma corretora. Ela se autodenomina uma plataforma de investimentos e opera por meio de uma parceria comercial com a DriveWealth, uma espécie de ‘brokerage as a service’ americana. 

Na prática, quando um cliente abre a conta na Stake, ele está operando pela DriveWealth, que tem a custódia dos recursos e executa todas as ordens. 

“Quando abrimos a Stake analisamos todas as licenças necessárias para ser uma corretora e não vimos ganho nisso,” o COO da Stake e head do Brasil, Paulo Kulikovsky, disse ao Brazil Journal. “Pensamos em tirar uma licença de ‘5k broker’, a mesma que nossos concorrentes têm, mas não haveria benefício nenhum pra gente e nem para os clientes.”

Como não cobra corretagem, a receita vem basicamente do spread que a Stake aplica na conversão da moeda local em dólar. Ao transferir dinheiro para a corretora, o usuário paga uma taxa adicional de 2% sobre o câmbio do momento (se optar por receber o dinheiro no mesmo dia, a taxa é um pouco maior). 

A outra fonte de receita é um plano premium — assinado por 17% dos 350 mil clientes — que dá acesso a research, dados mais completos sobre as empresas e um serviço chamado “Poder de Compra Instantâneo”, que permite investir o dinheiro mesmo antes de uma venda ter sido liquidada. 

A assinatura custa US$ 5/mês no Brasil e US$ 9/mês nos demais países.

A Stake ainda queima caixa: captar clientes exige investimento pesado. 

Os recursos da rodada serão usados para acelerar o crescimento da base — com investimentos em marketing — bem como para a expansão para outros países e o lançamento de novas funcionalidades e conteúdos no aplicativo. 

A meta global é chegar a 1 milhão de clientes até 2025. No Brasil, 100 mil até o final deste ano. 

A rodada da Stake vem em meio ao crescimento da competição neste mercado, que até pouco tempo era restrito a poucos investidores (corretoras de grandes bancos brasileiros exigem um saldo mínimo entre US$ 200 mil e US$ 500 mil para abrir uma conta de corretagem nos EUA). 

No Brasil, há três players principais: a Avenue, fundada por Roberto Lee e que já tem mais de 300 mil clientes; a Passfolio, uma fintech do Vale do Silício; e a própria Stake. Há ainda a Nomad, mas ela funciona mais como conta digital, oferecendo algumas poucas carteiras de investimento com ETFs. 

“Além da insegurança política, os juros estão muito baixos e essa desvalorização recente do real ligou um sinal de alerta nas pessoas,” disse Paulo. “Da noite pro dia, elas olharam e viram seu capital convertido em dólar despencar.”