O cantor, compositor, arranjador e multi-instrumentista Edu Lobo é considerado um dos maiores músicos da segunda geração da Bossa Nova – ou do pós-Bossa Nova.

Seu nome se consolidou na cena musical brasileira após vencer grandes festivais na década de 1960. Primeiro, com a música Arrastão (1965) – em parceria com Vinícius de Moraes e interpretada por Elis Regina. Dois anos depois, com Ponteio.

Trabalhar sob a pressão de uma data sempre foi fundamental para suas criações, conta. “Eu nunca tive essa relação mística com a inspiração. A minha inspiração vem quando vou atrás dela. E ter uma data obriga você a se organizar, produzir,” diz a Nilton Bonder neste episódio do The Business of Life.

Aos 80 anos, o carioca relembra o início de sua carreira, marcado por um encontro e uma parceria inesperados com Vinícius de Moraes, que mudariam sua vida.

“Conheci o Vinícius em uma reunião na casa de uma amiga em comum, quando eu tinha 19 anos. Estávamos todos tocando violão. De repente, ele me pergunta: ‘Você tem por acaso um samba sem letra?’ Por sorte, eu tinha. Mostrei, ele gostou e fez a letra.” A música é Só me fez bem.

Após esse episódio, Edu, que estava no segundo ano de Direito na PUC e achava que seria diplomata, passou a ser parceiro de Vinicius de Moraes. “O Vinícius me colocou no meu caminho certo.”

 Filho do jornalista e compositor pernambucano Fernando Lobo, Edu encontrou seu caminho na composição ao misturar o que estava aprendendo na Bossa Nova em termos harmônicos, com as melodias nordestinas, influenciadas pela ascendência do artista.

“Houve um momento em que senti uma necessidade de incorporar toda a vivência da música nordestina que eu tinha com aquilo que estava fazendo.”

Em 1968, após as vitórias nos festivais, optou por sair de cena e estudar  orquestração nos Estados Unidos, onde ficou por dois anos. “Fazer isso foi fundamental porque passei a ter acesso à música clássica.”

De volta ao Brasil, além de compor, passou a fazer trilhas, orquestrações e arranjos para cinema, balé, teatro e televisão. Em 1983, compôs a trilha sonora que, para muitos, é considerada sua obra-prima: O Grande Circo Místico, em parceria com Chico Buarque. Um ano antes, gravou o álbum Edu&Tom, Tom&Edu, em parceria com Tom Jobim.

Suas parcerias incluem também nomes como Gianfrancesco Guarnieri, Ruy Guerra, Aldir Blanc, Cacaso, Paulo César Pinheiro e Torquato Neto.

Olhando seus 61 anos de carreira, Edu acredita que “uma luz do bem” o dirigiu ao longo desse período. “Como costumo dizer: sorte é bom, mas você precisa estar preparado para ela. Por exemplo, a pergunta que o Vinícius me fez quando tinha 19 anos. Se não tivesse uma música, eu não teria como fazer na hora, não tinha maturidade musical para isso.”

Em novembro, lançou o álbum Oitenta em comemoração aos seus 80 anos, com 24 músicas autorais revisitadas pelo artista com os cantores Mônica Salmaso, Ayrton Montarroyos, Vanessa Moreno e Zé Renato.

Em The Business of Life, o rabino e escritor Nilton Bonder conversa com personalidades de sucesso para abordar suas histórias em diferentes dimensões.

Entre os entrevistados em episódios anteriores, estão Abilio Diniz, Marina Silva, Luiz Seabra, Vik Muniz, Nora Rónai, Roberto Medina, Nizan Guanaes, Nelson Motta, Regina Casé, Luiza Trajano e Wagner Moura. Veja a lista completa.