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Como enfrentar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho

12 de nov, 2023

O nascimento dos filhos é um divisor de águas na carreira das mulheres. Mesmo com os avanços das últimas décadas, pesquisas recentes evidenciam que a maternidade acentua a desigualdade salarial entre gêneros.

Em artigo sobre o tema, a economista, pesquisadora e professora Cecília Machado, da FGV, mostra que os rendimentos das mulheres caem pela metade após o parto, algo que não acontece com os homens.

“O que mais surpreende é que até mesmo após cinco ou seis anos, quando as crianças já estão na escola, essa diferença persiste”, afirma a Marcos Lisboa neste episódio de Lado B.

Segundo Machado, esse é um fenômeno global, que independe do grau de desenvolvimento do país e da maturidade do mercado de trabalho – e se deve essencialmente a uma questão cultural.

A diferença salarial existe não porque as mulheres investiram menos nos estudos ou deixaram de exercer profissões tradicionalmente associadas a homens, diz a economista. “Isso caiu por terra.”

O grande desafio para a convergência de salários e igualdade de gênero no mercado de trabalho é mudar as normas sociais, afirma.

Isso leva tempo, mas políticas públicas como o aumento da licença parental podem ajudar. “O desenho (dessa política) é muito importante. Precisa vir com incentivos para conseguir quebrar o equilíbrio da sociedade que associa o cuidado das famílias às mulheres.”

Outra parte da solução está associada à flexibilização no mercado de trabalho. “Se as mulheres ainda dedicam mais tempo às tarefas domésticas, elas demandam também mais flexibilidade.”

Sua afirmação vai em linha com as pesquisas de Claudia Goldin, que recebeu o Prêmio Nobel de Economia neste ano.

O episódio foi gravado antes da premiação, que ocorreu em outubro, mas Machado cita o trabalho de Goldin, que defende a flexibilização como parte fundamental para reduzir a desigualdade no mercado de trabalho.

Quando as mulheres conseguem delegar funções mais facilmente e trabalhar em horários alternativos, quando necessário, o gap salarial é menor. Nessas situações, diz Machado, “as mulheres têm mais sucesso.”

Discutir temas diversos com base em pesquisas e evidências é foco do videocast Lado B, que tem tem novos episódios a cada quinzena. Marcos Lisboa recebe convidados para debater macroeconomia, ciência, gênero no mercado de trabalho, políticas públicas, urbanismo e outros assuntos que afetam o cotidiano.

Disponível também na versão podcast no site do Brazil Journal e no Spotify:

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