A condição humana é tema de estudos (e discórdia) há séculos — mas de vez em quando, aparece um pensador que lida com o assunto de forma leve e bem humorada.
Para nós, a novidade nessa área é o ilustrador Pedro Vinicio, cujos desenhos o Brazil Journal passa a publicar a partir de hoje — no site, no Instagram e em nossa newsletter.
Com um trabalho que transita entre a psicanálise e a filosofia, Pedro comenta a vida da altura de seus 19 anos — provando que não é preciso idade para produzir gotas de sabedoria.
“O que nos une são os problemas. É a coisa existencial, que pega todo mundo,” diz Pedro.
O pernambucano de Garanhuns ganhou notoriedade aos 14, postando ‘desenhos feios’ — com erros deliberados e traços grosseiros — acompanhados de frases ácidas no Instagram.
Suas ilustrações trazem indagações e pensamentos profundamente humanos — do tipo “como ficar nem aí para uma coisa que você está muito aí”, ou, “eu esperava o pior, mas isso foi bem pior do que eu esperava”.
Numa tarde de verão recente, Pedro rabiscou: “Tão quente que o Djavan já não tem mais um bom lugar pra ler um livro.”
As postagens de Pedro chamaram a atenção de artistas como Laerte e Cildo Meireles. Hoje o ilustrador tem 800 mil seguidores, um livro editado pela Cobogó e quadros decorando as casas de Caetano Veloso e Zélia Duncan.
“Eu busco inspiração em muitos lugares, do cinema à arte contemporânea,” disse. “Às vezes é algo complexo, que eu nem estou entendendo muito bem, mas vira uma feijoada na minha cabeça e me ajuda a ter ideias.”
Pedro, que nunca foi bem na escola mas sempre gostou de desenhar, fez suas primeiras ilustrações num celular velho da mãe. Hoje, produz muito mais em meios físicos.
“Desenho muita coisa no papel para trabalhar conceitos. O que está no Instagram é a ‘pele’ do desenho, e o que eu faço no papel é o ‘osso’,” disse. “Não gosto de chamar de rascunho ou rabisco porque parece algo menos importante. É parte essencial da composição.”
E explica de onde vêm as ideias.
“Eu gosto da provocação, de usar a arte para agregar e não necessariamente agradar. Nenhum tema me assusta. É chegar e fazer.”