Após meses de brigas e acusações, o Mubadala Capital conseguiu dobrar o fundo americano Lone Star e comprou o controle da sucroalcooleira Atvos, a antiga Odebrecht Agroindustrial.

O acordo foi assinado no início desta semana e os executivos Ricardo K. e Giovanne Forace, sócios da RK Partners, também passaram a deter uma participação na companhia por meio de um veículo próprio, fontes envolvidas na negociação disseram ao Brazil Journal.

O valor do negócio não foi divulgado, mas o Lone Star detinha US$ 5 milhões em equity e um valor nominal de US$ 370 milhões em dívidas.

Nas próximas semanas, o Mubadala, ligado ao fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, deve trocar o CEO da companhia, Gustavo Alvares, ligado ao Lone Star. O substituto ainda não foi escolhido.

“Mas tem muita gente talentosa na empresa que deve seguir,” disse uma fonte.

A empresa também vai fazer uma capitalização de R$ 500 milhões a fim de aumentar sua produção. A meta é ampliar a capacidade de moagem de cana de açúcar de 23 milhões para 36 milhões de toneladas em quatro anos.

A gestão da companhia vai trocar de mãos dois anos depois do Lone Star assumir o controle da empresa. Em 2020, a sucroalcooleira entrou em recuperação judicial, com dívidas de R$ 14 bilhões – um montante que caiu para R$ 6 bilhões após a aprovação do plano.

O fundo Lone Star passou a controlar a Atvos ao comprar uma participação do banco Natixis que havia sido dada como garantia para credores da Odebrecht após estourar o escândalo da Lava Jato.

De lá para cá, a empresa voltou a gerar caixa. No ano fiscal 2021/2022, o EBTIDA ajustado subiu 83%, para R$ 2,2 bilhões.

Em dezembro do ano passado, no entanto, o Mubadala fechou um acordo com os bancos credores da companhia para assumir o controle da Atvos. O Lone Star não participou das discussões e tentou resolver o caso na Justiça.

Não deu certo. “Essas brigas jurídicas podem ser resolvidas no amor ou na dor. Como o Lone Star foi pega de surpresa, a reação foi ser litigiosa, mas eles decidiram negociar após ver o mérito jurídico,” disse uma fonte.

Com as brigas com o Lone Star resolvidas, o Mubadala terá 31,5% do capital da Atvos. Os outros 68,5% estão divididos entre os bancos credores, a Novonor e o veículo próprio dos executivos da RK, que vai gerir essa fatia por meio do fundo Agroenergia FIP Multiestratégia.

A BR Partners assessorou o Lone Star.