A Mottu – a startup de aluguel de motos para entregadores de delivery – acaba de levantar US$ 40 milhões numa rodada que deve levá-la a mais de 50.000 motos alugadas até o final do ano que vem.

A rodada foi parte em equity, parte em dívida. 

A parcela de equity foi coliderada pelos mesmos investidores que haviam liderado a Série A há um ano: a Base Partners, uma gestora brasileira, e a Crankstart, o fundo de Michael Moritz, sócio da Sequoia Capital. (A Mottu é o único investimento de Moritz no Brasil.) 

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Já a parte de dívida foi liderada pela Verde Asset, e foi desenhada num modelo de tranches. A Mottu poderá chamar mais capital conforme necessário – e se seus resultados estiverem satisfatórios. 

A dívida vai ser usada apenas para comprar novas motos, que serão o colateral do empréstimo. Os outros recursos da rodada vão financiar principalmente os investimentos em tecnologia, com a contratação de pelo menos 50 engenheiros e um CTO. Os investimentos em tech vão ajudar a Mottu a aperfeiçoar a automação de todos os seus processos, como a gestão da frota, gerando eficiência operacional. 

“Decidimos fazer a parte do investimento nos ativos com dívida para tornar o business muito mais escalável e melhorar a estrutura de capital,” o fundador Rubens Zanelatto disse ao Brazil Journal.

A Mottu tem crescido num ritmo impressionante, surfando uma das grandes tendências da pandemia: o aumento do delivery de restaurantes. 

Em 2020, quando fez sua rodada seed, a Mottu tinha apenas 160 motos e planos de chegar a 1.000 até o final do ano. Agora, a startup já tem mais de 10.000 motos rodando em oito cidades brasileiras e fez um annual recurring revenue (ARR) de US$ 10 milhões em dezembro passado. (Ontem, ela alugou sua primeira moto na Cidade do México dando início a sua expansão internacional). 

Basicamente, a Mottu compra as motos em escala e com desconto, e depois monetiza os ativos com um aluguel mensal (o pagamento é feito semanalmente para casar com o fluxo de pagamento dos aplicativos).  

Uma diferença entre a Mottu e empresas como Localiza e Movida é que a startup não tem um business de revenda. Ela usa as motos até sua capacidade máxima, e depois desmobiliza o ativo (usando inclusive peças das motos antigas para a reposição da frota em circulação). 

Segundo Rubens, o diferencial da Mottu para o motoboy é permitir que ele ganhe mais com suas entregas sem se preocupar com questões como manutenção, roubo e seguro. A startup também criou a Mottu Entregas, uma plataforma que conecta os motoboys com restaurantes e varejistas interessados em contratar seus serviços.

A captação vem num momento em que as rodadas de capital nas startups estão ficando cada vez mais escassas – levando muitas a ter que cortar na carne. 

“É um diferencial enorme estar super bem capitalizado nesse momento,” disse Rubens. “Podemos dar continuidade ao nosso plano agressivo ao mesmo tempo que conseguimos atrair os melhores talentos.”