A Goldman Sachs está contratando Maria Silvia Bastos Marques, a ex-CEO da CSN que teve passagem meteórica pelo BNDES, como presidente de seu banco no País.

O anúncio da contratação deve sair nas próximas semanas, duas pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

Nos bancos americanos, o cargo de presidente numa filial é mais esvaziado do que o título sugere: todas as áreas do banco têm reporte matricial para Nova York, e a Goldman é o mais ‘New York-centric’ de todos os bancos. 

O cargo normalmente é dado como status a alguém que gera muita receita em sua área, ou a alguém que exerça funções administrativas, ou ainda a alguém que possa representar o banco perante o Governo e a comunidade de negócios — provavelmente o caso de Maria Silvia.

Seu desafio será navegar a cultura altamente codificada da Goldman e conquistar a atenção de Nova York para o Brasil, coisa que até hoje só aconteceu na prática quando a Goldman tentou comprar o Pactual, em 2005.

Maria Silvia vai substituir Paulo Leme, que assumiu como presidente no fim de 2014 e anunciou em dezembro que está de saída do banco. Leme, por sua vez, substituiu o mexicano Alejandro Vollbrechthausen após muita pressão de executivos locais junto a Nova York por uma liderança com mais trânsito institucional. 

A Goldman tem uma operação altamente deficitária no Brasil. Nos últimos anos, como muitos bancos americanos e europeus, a Goldman reduziu dramaticamente seu staff no País, fechou sua área de private banking local, e passou a ter menos protagonismo no mercado de M&A. Recentemente, a transação mais memorável do banco aconteceu em 2016, quando a Goldman assessorou o HSBC na venda de sua operação brasileira para o Bradesco. Agora, está assessorando o Walmart a encontrar uma saída estratégica para sua operação no País.

O trabalho de Maria Silvia em empresas privadas de porte inclui a CSN, onde ficou de 1996 a 2002, e a Icatu Seguros (2007-2011).

Seu serviço público começou nos anos 90, quando trabalhou no então Ministério da Economia do Governo Collor, reportando-se a Antonio Kandir.  Foi coordenadora da área externa da Secretaria de Política Econômica, assessora especial para assuntos de desestatização do BNDES e, também, da área financeira e internacional do BNDES.

Entre 1993 e 1996, foi secretária de Fazenda do município do Rio de Janeiro na gestão César Maia, quando saneou as finanças e restaurou o acesso da cidade ao mercado de dívida.

Entre 2011 e 2014, presidiu a Empresa Olímpica Municipal, a estatal carioca responsável por coordenar projetos dos Jogos Olímpicos.

Já sua passagem pelo BNDES durou pouco menos de um ano: nomeada por Temer logo após o impeachment de Dilma, montou uma equipe elogiada mas renunciou, em maio de 2017, alegando “razões pessoais”. Sofreu pressões da FIESP, que queria mais desembolsos, e de funcionários do banco, que não a viam como uma defensora suficiente da corporação.