Cinco meses após vender sua participação na Estácio, o empresário Chaim Zaher e seu Grupo SEB acabam de anunciar a compra do De A a Z, uma rede de colégios e cursinhos pré-vestibular com marca forte, sete unidades e 3 mil alunos no Rio.
Fundado em 2006 por quatro amigos que davam aula no pH (hoje parte da Somos), o A a Z hoje atua da nona série do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio, e é mais conhecido por seu cursinho preparatório para o ENEM.
O valor da transação não foi revelado. Os fundadores do A a Z — Bruno Rabin, Carlos Ferrão, Felipe Sundin e Naun Faul — venderam todo o equity, mas continuarão à frente do negócio. O A a Z, que começou como um cursinho, tem focado em aumentar seu negócio de colégios, que tem um ciclo de vida mais longo. Hoje, cerca de 60% do faturamento já vêm do colégio, e 40% do cursinho.
A partir de 2019, a SEB vai estender a oferta do A a Z a todas as séries do todo o ensino fundamental e passar a oferecer ensino bilíngue. Chaim também planeja criar um sistema de ensino usando a marca A a Z e eventualmente entrar no ensino superior, mas com cursos diferenciados e um tíquete mais alto que a Estácio, a empresa dominante no ensino superior do Rio.
O investimento de Chaim é o mais recente num setor que tem dominado a atenção dos investidores depois que o ensino superior se consolidou e perdeu sua alavanca mais poderosa, o FIES.
No ano passado, a Eleva recebeu investimento de private equity e a Bahema captou recursos para comprar três escolas de ensino fundamental.
Chaim — um pioneiro da educação básica que vendeu parte da SEB para a Pearson no topo do mercado e continuou investindo nos ativos restantes — disse que está pensando em abrir o capital da SEB, e que o ciclo eleitoral não o assusta. “Vou continuar a investir não importa quem for o próximo Presidente. Eu vou tocar a minha vida!”
O imigrante libânes que começou a carreira como bedel num cursinho de Ribeirão Preto hoje tem um império com cerca de 45 mil alunos e 39 unidades em nove Estados. O Grupo SEB também atua no ensino superior com a Universidade Dom Bosco e a Escola Paulista de Direito.
Em 2014, Chaim vendeu a UniSEB, de ensino à distância, para a Estácio, tornando-se um dos maiores acionistas individuais na companhia. No ano passado, depois do veto do CADE à fusão com a Kroton, ele vendeu suas ações para o Advent, embolsando R$ 430 milhões pela sua fatia de 8,25%. (Desde então, os papéis subiram mais de 50%).
Chaim disse hoje que pretende montar ainda uma outra linha de negócios na SEB, que ele tem chamado de ‘escolas acessíveis’. São escolas “para concorrer com a escola pública”, e cuja mensalidade custaria ao redor de R$ 500. Ele disse que pode investir R$ 100 milhões para abrir cerca de 200 destas escolas. O projeto ainda está sendo formatado.
A Urca Capital Partners assessorou os fundadores do A a Z na transação.