A Ambipar levantou R$ 717 milhões em seu aumento de capital, ganhando fôlego para negociar melhores condições para sua dívida num momento de incerteza extrema no mercado de capitais.
Os recursos são 30% mais que os R$ 560 milhões previstos no anúncio da oferta-base, que o controlador Tércio Borlenghi Junior já havia se comprometido em cobrir integralmente. Com a demanda, a oferta-base de 30 milhões de ações foi aumentada em 80%, com a companhia emitindo 54 milhões de novas ações.
Tércio colocou R$ 560 milhões de recursos próprios na companhia, aumentando sua participação de 61% para 66,7%. (Dias antes, ele já havia comprado a participação das irmãs.) Os outros R$ 157 milhões vieram principalmente de investidores locais, e cerca de 20% de internacionais.
Depois de Tércio, alguns dos maiores acionistas do float são a XP Asset, Távola, Fairfax e Quantitas.
A transação – precificada ontem à noite num mercado sem oxigênio – saiu a R$ 13,25/ação, um desconto de 2,9% sobre o fechamento de ontem.
Os recursos vão reduzir em 18% a dívida líquida da Ambipar, de R$ 3,8 bilhões. Ainda que o montante seja relativamente pequeno num Brasil de Selic a 12%, os recursos permitirão à companhia discutir com seus credores o pré-pagamento e um reperfilamento de parte de sua dívida.
A captação da Ambipar mostra o ônus causado às empresas brasileiras por um juro real que ficou alto por muito tempo. A empresa também sofreu com o fato de que sua maior aquisição – a Witt O’Briens, nos EUA — provou ter um perfil de resultados mais volátil do que o esperado.
Reconhecida como a maior empresa de consultoria de emergências do mundo, a Witt O’Briens atua em mais de 40 países, ajudando governos e empresas a reagir a desastres como furacões, incêndios florestais e descarrilamento de trens. A empresa funciona como uma geradora de lides para a sua controladora, a Ambipar Response.
BTG Pactual, Bradesco BBI, Itaú BBA, Bank of America, Santander e UBS BB coordenaram a oferta.