Cerca de seis meses depois de comprar 10,5% da Estácio, a Advent está consolidando seu poder na empresa, substituindo João Cox como chairman da companhia.

Cox não consta da chapa única que a administração está propondo para a assembleia do dia 18/4, divulgada ontem à noite.

O próximo chairman da Estácio só será eleito na primeira reunião do novo conselho, mas a Advent está propondo Juan Pablo Zucchini, um de seus dois executivos que já têm assento no conselho. O outro é Brenno Raiko de Souza.

Outro conselheiro que está deixando a empresa é Francisco Amauri Olsen, que também participa dos boards do grupo atacadista Martins e da Duratex.

Dois novos nomes que constam da chapa única já trabalharam com a Advent em investimentos anteriores:  Flavio Jansen, o co-fundador e ex-CEO do Submarino trabalhou com a Advent no Fleury, onde ainda é conselheiro; Igor Lima tem relacionamento com a Advent desde quando era vp de operações da Kroton.

 
Cox, que estava no conselho da Estácio há oito anos, os dois últimos como presidente, participou da negociação de venda para a Kroton, que acabou barrada pelo CADE.

Mais tarde, bateu de frente com Chaim Zaher — então um dos maiores acionistas individuais da companhia — que pretendia voltar ao conselho e liderar o comitê de estratégia depois do veto ao negócio com a Kroton. Cox havia sucedido Chaim, que renunciara ao conselho para articular sua própria oferta pela Estácio, competindo com a Kroton.

Cox ainda é membro dos conselhos da Embraer, Braskem e Linx.

A Estácio também divulgou seu resultado do quarto trimestre.  Excluindo uma série de itens não-recorrentes, a geração de caixa no último trimestre do ano subiu 87% em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 238 milhões. A margem EBITDA ajustada subiu 12,4 pontos para 28,4%.  Em entrevista ao Valor, o CEO Pedro Thompson disse que a melhora do desempenho foi graças “ao aumento do tíquete médio das mensalidades, que agora não tem mais descontos, e a redução de despesas e custos administrativos.”

 
O trimestre foi marcado por uma série de ajustes que poluíram o EBITDA nominal, como R$ 117 milhões em rescisões trabalhistas e outros R$ 76 milhões em baixas de depósitos judiciais, depreciação de ágio, revisão de provisão de alugueis, entre outros.

As mudanças na governança da Estácio vêm num momento de pulverização do free float da empresa.  O Oppenheimer, que já teve 18% da companhia, agora está abaixo de 5%.