O produto mais icônico da vida de um bebê está saindo do mercado.

A Johnson & Johnson vai parar de vender seu talco para bebê nos EUA e Canadá em meio a uma dramática queda nas vendas causada por uma avalanche de processos judiciais alegando que o produto causa câncer. 

A J&J enfrenta quase 20 mil processos judiciais com essa mesma alegação — e já teve derrotas importantes nos tribunais. Em 2018, a empresa foi sentenciada a pagar US$ 4,7 bilhões em danos num processo aberto por 22 mulheres que alegavam que seu câncer havia sido causado pelo produto. 

Ainda que o talco da J&J seja voltado para crianças e vendido na seção de bebês junto com as fraldas, as mulheres têm sido o principal público do produto nas últimas décadas, usando-o na região do períneo e para evitar atrito entre as pernas.


Kathleen Widmer, a chairwoman da divisão de consumo para a América do Norte, disse ao Financial Times que as propagandas na TV de advogados caçando clientes para processar a empresa “gerou confusão nos consumidores” e fez com que as vendas implodissem. 

Desde que a controvérsia sobre o câncer começou, há três anos, as vendas do produto caíram 60% nestes dois mercados, que juntos respondem por 20% da venda dos talcos. 

A J&J alega que tudo não passa de publicidade negativa, e que “décadas de estudos científicos por experts médicos em todo o mundo mostram que seu produto é seguro.” 

“Vamos continuar defendendo vigorosamente o produto, sua segurança e rebatendo as alegações infundadas contra ele e a companhia,” a empresa disse numa nota, acrescentando que continuará a vender seus talcos em outros países, onde “há uma demanda significativamente maior” — entre eles, o Brasil. 

Apesar da defesa da empresa, em outubro passado a J&J fez o recall de 33 mil unidades do produto depois que o FDA descobriu evidências de amianto, uma substância cancerígena, numa das embalagens do produto.  Semanas depois, a empresa disse que múltiplos testes mostraram que o talco não continha a substância.