O JP Morgan elevou sua recomendação para as ações brasileiras de ‘neutro’ para ‘compra’, dizendo que o movimento é tático e não estrutural, “já que os problemas domésticos que nos levaram a rebaixar o Brasil (um fiscal ruim) continuam muito vivos.”

Ao mesmo tempo, o banco americano fez a mudança inversa para o México, rebaixando as ações do país de ‘compra’ para ‘neutro’. 

O JP disse que as bolsas dos dois países têm valuations atrativos e estão com um posicionamento técnico fraco. 

“No entanto, o cenário global agora beneficia o Brasil (contanto que os EUA não entrem em recessão),” diz o relatório. 

O JP disse ainda que o Brasil pode estar mais perto do que se imaginava de concluir seu ciclo de alta de juros, o que seria um trigger importante para as ações; e a retomada da China deve levar mais recursos aos países emergentes, provavelmente beneficiando parceiros como o Brasil. 

“Por último, mas não menos importante, as eleições de 2026 estão longe, mas trazem um elemento de atratividade, embora o risco daqui até lá esteja longe de ser insignificante,” escreveu o banco. 

“Achamos que é muito cedo para se posicionar para uma mudança de regime, mas a narrativa está lá e cada pesquisa nova tem o potencial de impulsionar essa narrativa, ao mesmo tempo que a cada dia a corrida eleitoral fica mais próxima.”

Para o banco, há ainda um bônus adicional no Brasil: a alocação dos investidores locais em equities está no nível mais baixo da história, enquanto o nível de posições vendidas é o mais alto desde o início de 2024. 

Em relação ao México, o JP disse que o fator que mais incomoda é a forte desaceleração do crescimento do país, que deve levar a uma estagnação do PIB, pelo menos no primeiro semestre deste ano. 

“Além disso, o México está mais exposto às tarifas, o que continua como um fator chave, e ainda que a gente continue acreditando que o fim do jogo será nada mais do que tarifas seletivas, pode levar um tempo para sabermos o desfecho final.”

Outro fator jogando contra o México, segundo o JP, é o fato dos investidores locais estarem muito negativos, “o que significa que pode levar mais tempo para eles embarcarem”. 

Em termos de setores, o banco disse que está mais otimista no Brasil com as empresas de utilities e os grandes bancos. Já no México, os setores preferidos são as engarrafadoras, o mercado imobiliário e o setor de finanças. 

Nas contas do JP, as ações brasileiras negociam a 7x o lucro estimado para os próximos 12 meses, enquanto as do México negociam a 10x.