9354 6c0f631b f5a2 0004 0000 db51d0edf999Pelo jeito, a Souza Cruz vai mesmo sair da Bovespa.

Sua controladora, a British American Tobacco (BAT), que em fevereiro havia oferecido R$ 26,12 por cada ação da fabricante de cigarros, acaba de aumentar a oferta para R$ 27,62 por ação — 5,7% a mais — para convencer os acionistas minoritários.

Com este singelo aumento — que não compra nem um maço de Hollywood — a BAT obteve o apoio crucial da Aberdeen Asset Management, a gestora escocesa cujos fundos são donos de 4,5% do capital da Souza Cruz — e 18,3% das ações em circulação no mercado.

O mercado já havia jogado a toalha de que a oferta poderia ser melhorada: a ação fechou ontem a R$ 23,40; hoje, sobe 11%, se ajustando ao novo preço. A maioria dos fundos brasileiros não estão investidos na ação, que é dominada por investidores estrangeiros.

Quando contarem a história de como a Souza Cruz saiu da Bolsa, um homem será apontado como o responsável: Nick Robinson.

Dado o tamanho de sua posição na empresa, o gestor da Aberdeen no Brasil — que é dono de posições ainda maiores em outras empresas de varejo — era o único capaz de barrar a oferta, ou com poder de barganha suficiente para conseguir um preço substancialmente mais alto para todos os minoritários.

Ao aceitar a nova oferta, a Aberdeen parece desconsiderar uma conta básica. Em libras esterlinas, a moeda em que a BAT reporta seus resultados, a oferta de fevereiro custava à empresa 5,90 libras por ação da Souza Cruz. A nova oferta vai custar 5,04 libras — 14,5% a menos. “Como é possível que eles concordem com uma oferta que é, na verdade, um desconto em relação à oferta original, ainda mais que os fundos deles são denominados em moeda forte?” pergunta um gestor.

Os minoritários que não querem vender suas ações temem ficar comprados numa empresa ilíquida, e na qual o controlador pode prejudicá-los.

“A governança das empresas e as regras do mercado de capitais aqui são tão fracas que o controlador consegue chantagear os minoritários a vender suas ações em ofertas como essa, que foi a mesma coisa que aconteceu com a Redecard e com a Confab, para ficar em algumas,” diz outro gestor.

Do ponto de vista de retorno aos acionistas, a Souza Cruz é um negócio tão bom e tão raro que merece ser chamado de unicórnio : é dona de 78% do mercado de cigarros do Brasil e é uma das maiores pagadoras de dividendos do País, distribuindo cerca de 97% de seu lucro.

As corretoras vão dizer que a economia mergulhou, que o risco País subiu, e que os resultados do segundo trimestre foram fracos. São argumentos superficiais. Nada disso parece justificar vender esta empresa perto do nível mais baixo dos últimos cinco anos (em libras), como mostra o gráfico abaixo:

 

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