Coca-Cola No capitalismo de hoje, nem os ícones estão a salvo.

Pergunte ao CEO da Coca-Cola, Muhtar Kent, cujo emprego parece estar cada vez mais em risco.

Há algum tempo que a ação da Coca-Cola não é lá uma Brastemp. A empresa enfrenta a falta de interesse dos consumidores em refrigerantes e, recentemente, seus acionistas se rebelaram contra o nababesco plano de remuneração proposto pelos executivos da empresa.

Os acionistas estão irrequietos, e um deles, David Winters, cuja empresa de gestão é dona de 2,5 milhões de ações da Coca, publicou hoje suas sugestões de como consertar a Coca-Cola.

Entre os 11 pontos defendidos por Winters estão: aumentar as margens, cortar custos, revender engarrafadoras, renovar o conselho e não fazer aquisições para “comprar crescimento.”

“A Coca-Cola é uma empresa com um potencial incrível ao redor do mundo e algumas das marcas de consumo mais valiosas já criadas,” diz Winters. “Seus acionistas merecem uma liderança que respeite e honre a natureza icônica da companhia e que esteja disposta a fazer o que for necessário para restaurar a Coca-Cola à posição de grande empresa que sabemos que ela é.

A Coca-Cola Company, que vale 179 bilhões de dólares na Bolsa de Nova Iorque, está sendo vista como tão ineficiente que o mercado chegou a especular a respeito de uma oferta conjunta da 3G Capital com a Berkshire Hathaway , de Warren Buffett, pelo controle da empresa.  Buffett recentemente tirou o gás da estória,  negando haver qualquer plano .

Winters diz que a margem de lucro da Coca está ‘atolada’ em 26% ao longo dos últimos últimos três anos, enquanto a Anheuser-Busch InBev e a SABMiller, ambas cervejarias globais com tamanhos equivalentes ao da Coca, têm margens de 40% e 34%, respectivamente. “Em nossa opinião, não há motivo para a Coca-Cola não ter margens comparáveis a estas empresas,” diz ele.

Warren Buffett Falando sobre custos, Winters diz que nos últimos 10 anos a folha de pagamentos da Coca-Cola inchou de 49 mil para 131 mil funcionários, enquanto o lucro por empregado murchou 32% naquele período.

“Acreditamos que a Coca-Cola pode ser mais eficiente e que certos cortes de gasto significativos podem ser feitos para aumentar o lucro por empregado sem prejudicar a companhia,” diz Winters.

Ele também nota que há quatro anos a Coca-Cola comprou uma parte de seus engarrafadores, uma atividade que demanda muito capital e tem retornos baixos. Ele acha que é hora de vender estes ativos e liberar capital, que pode então ser reinvestido na marca ou distribuído aos acionistas por meio de dividendos.

Winters também pede a revogação do plano de remuneração dos executivos e mudanças no conselho da empresa. “Um terço dos membros do conselho estão lá há mais de 15 anos, e muitos têm negócios entre si e com a companhia.”

A carta com as críticas e sugestões de Winters já havia circulado entre os grandes acionistas da empresa há algumas semanas. Agora, ele a tornou pública, colocando o debate na arena mundial.

Nos próximos dias, Wall Street vai procurar saber o que Buffett acha do assunto.  O Oráculo de Omaha tem usado luvas de pelica, evitando criticar o CEO da empresa em público. Chegou até a brincar: “É meio anti-americano votar contra a Coca-Cola numa assembleia de acionistas.”

Quem claramente não está de brincadeira são os outros acionistas.

A versão completa das propostas de Winters está no site FixBigSoda.com.