A Moody’s iniciou a cobertura do Bradesco Bank, a subsidiária com sede em Miami do banco da Cidade de Deus, e colocou o rating de perfil de risco individual de crédito (BCA) em baa2 e com perspectiva estável, o que coloca a instituição no investment grade.

Com essa classificação, o Bradesco Bank ficou com um rating três degraus acima da matriz no Brasil – que está com rating ba2, mas com perspectiva positiva. 

Além disso, a Moody’s classificou os depósitos de longo e curto prazo em moeda local do Bradesco Bank em A3 – cinco níveis acima do Bradesco no Brasil. 

Ainda assim, segundo a agência de risco, o rating do Bradesco Bank está um nível abaixo da mediana dos bancos americanos.

O Bradesco Bank é o antigo BAC Florida Bank, que foi comprado pelo Bradesco em 2020 – e teve o nome alterado dois anos depois. 

Entre os principais negócios do banco estão os serviços bancários tradicionais e hipotecas residenciais concentradas na região da Flórida, que, com uma carteira de cerca de US$ 2,5 bilhões, representam dois terços do total de empréstimos da instituição. No total, a carteira de crédito do banco é de US$ 3,6 bilhões. 

O banco também tem US$ 4,4 bilhões em fortunas sob custódia – exatamente o dobro do valor quando comparado ao período da aquisição – sendo a maior parte de clientes domiciliados na América Latina, especialmente no Brasil. 

Porém, o negócio ainda é “modesto” nas palavras da própria Moody’s – o que justifica um rating menor do que os concorrentes locais. 

“O Bradesco Bank depende mais de seus maiores depositantes do que os bancos dos EUA e tem um nível relativamente menor de depósitos segurados pelo FDIC do que a maioria dos outros bancos regionais dos EUA,” escreveu a Moody’s em seu relatório. 

Apesar do tamanho menor, o balanço é saudável, diz a agência. Em março, por exemplo, os empréstimos “problemáticos” da companhia não chegavam a 0,2% do total. 

A Moody’s aponta que a diferença de rating entre subsidiária e matriz acontece pelo ambiente operacional mais desafiador enfrentado pelo Bradesco no Brasil, que continua em processo de reestruturação.

Apesar de ter melhorado os números de inadimplência, o mercado continua pressionando o Bradesco para entregar resultados mais consistentes – especialmente no top line. O banco divulga resultados na semana que vem. 

Mesmo se o Bradesco melhorar os seus números – e consequentemente tiver uma elevação do seu rating –, o Bradesco Bank não deve ser beneficiado. 

Segundo a Moody’s, é “muito incomum” uma subsidiária estar com um rating três níveis acima de sua matriz – então, não há muito espaço de melhora para o Bradesco Bank.

Já se o rating do Bradesco for rebaixado, o Bradesco Bank deve seguir o mesmo caminho, segundo a agência. 

Segundo fontes próximas ao banco, o rating ajudará o Bradesco Bank a acelerar o crescimento, especialmente de depósitos. 

“O banco vai ter acesso a clientes – de multinacionais até locais – que antes não podiam fazer depósitos no Bradesco pela falta de investment grade,” disse essa fonte. 

Além da Flórida, o banco também está de olho em crescer no mercado imobiliário em diferentes regiões, como Nova York. “O foco do banco vai continuar sendo nos não residentes – e onde eles quiserem ir nos Estados Unidos,” disse.