A Linx está com uma demanda de três vezes o book na oferta de ações que marca sua estreia na NYSE e será precificada ainda hoje.

É um patamar confortável, mas não explosivo, especialmente em se tratando de uma fintech. 

A expectativa é de um preço entre R$ 36,50 e R$ 37 por ação — em linha com o preço de tela, depois da ação ter recuado 2% ontem — mas algumas reservas ainda podem entrar nesta manhã. A companhia encerrou o roadshow ontem com reuniões na Europa. 

A Linx está levantando cerca de R$ 1 bilhão, dos quais 65% vão para o caixa da empresa e 35% referem-se à saída do BNDES, que tem 5,8% da companhia. 

A Linx, que já é listada na B3, pela primeira vez está oferecendo ADRs no mercado americano, além de ações no mercado local. Investidores internacionais devem absorver a maior parte da oferta, e os locais não esperam grande alocação. 

A exposição ao mercado americano marcou um re-rating da empresa de softwares de gestão, ainda que não tenha sido suficiente para fazê-la romper sua máxima histórica.

A ação havia batido R$ 38,77 no começo de abril, impulsionada pela onda de otimismo com o lançamento do Linx Pay, mas corrigiu para cerca de R$ 33 depois que a Rede, do Itaú, anunciou taxas agressivas para antecipação de recebíveis, aumentando as preocupações sobre a rentabilidade do setor de adquirência.

As iniciativas de pagamento já tinham feito a companhia mudar de patamar na bolsa brasileira. Desde o lançamento do LinxPay em outubro, as ações — negociadas na época a cerca de R$ 17 — mais que dobraram de valor.

Aos investidores, a Linx tem vendido a ideia de que sua penetração no varejo – onde é líder em sistemas de gestão – a coloca numa posição privilegiada para participar do movimento de desintermediação de serviços bancários. 

A companhia está criando um ecossistema de pagamentos, que deve servir tanto para fidelizar seus clientes quanto para aumentar seu mercado endereçável.

Uma conta digital, lançada no começo de junho, é a semente de uma iniciativa para oferecer soluções bancárias para os próprios varejistas. Eles poderiam, por exemplo, fazer o pagamento de seus funcionários via conta digital da Linx, diminuindo custos com TED e gerenciamento de conta de funcionários, num setor de turnover altíssimo. 

“Eles sempre foram bem low profile e agora estão muito animados – nunca vi a direção fazendo um discurso tão otimista como nesta oferta”, diz o analista de uma gestora local. 

Nas apresentações a investidores, a Linx tem reforçado que não espera uma grande rentabilidade no setor de adquirência em si, mas vê valor na integração de pagamentos com software.  

Apesar de ter a bandeira de não se engajar em guerras de preço, o ‘take rate’ – a taxa por pagamento processado – que a companhia usa como base para suas estimativas é de 1,3%, em linha com a média do setor e abaixo de players como a Stone, que chega a fazer 1,8%. 

Para além de pagamentos — onde há mercado potencial de R$ 20 bi, segundo a companhia —, a Linx, historicamente mais focada nos pontos físicos, vê um oceano azul nas soluções de gestão digitais e integração omnichannel.  A estimativa é que suas soluções core e digitais englobem um mercado potencial de R$ 10,5 bi. 

 

Atualizado às 20h14: Num dia fraco para a Bolsa, a ação da Linx foi precificada a R$ 36 na oferta.

 

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