A Itaúsa vendeu ontem 7,8 milhões de ações da XP no primeiro block trade desde que o Itaú Unibanco cindiu sua participação na empresa.

A operação – envolvendo 1,4% do capital da corretora – movimentou US$ 230 milhões ou R$ 1,33 bilhão no câmbio de ontem.

A faixa indicativa de preço era de US$ 29,50 a US$ 30.

O papel fechou ontem à US$ 31,16 – perto da mínima do ano (US$ 29) – com a empresa valendo US$ 17,4 bilhões na Nasdaq.

Depois que o mercado fechou em Nova York e a transação foi anunciada, o papel caiu cerca de 4,5%, convergindo para o preço indicativo do bloco.

O coordenador do bloco foi o Morgan Stanley, que deu garantia firme para a transação no que outros bancos estimam ter sido uma cotação ao redor de US$ 28,75-29.

O tamanho do bloco – equivalente a 17,4% da posição direta da Itaúsa na XP – potencialmente cria um overhang para o papel, “já que agora você sabe que tem um vendedor que indicou uma intenção de saída,” segundo um gestor.  A Itaúsa se comprometeu a um lockup de 30 dias antes de fazer novas vendas.

Depois da venda, a Itaúsa passa a ter diretamente cerca de 37 milhões de ações da XP de forma direta.  Mas ainda tem uma participação indireta: a IUPAR (Itaú Unibanco Participações) — um veículo de controle do Itaú que pertence à Itaúsa e à Cia. E. Johnston, um veículo da família Moreira Salles — tem outros 59 milhões de ações.

Chamou a atenção do mercado que a transação foi anunciada horas depois do Morgan Stanley publicar um relatório recomendando a compra do papel da corretora com preço alvo de US$ 71, sugerindo um upside de 137%.

“Vemos o segmento de banking e crédito como um mercado endereçável de R$ 171 bilhões de receita para a XP, com apenas 1% de penetração, oferecendo um céu azul de oportunidades de crescimento,” escreveram os analistas Jorge Kuri, Jorge Echevarria e Felipe Martinuzzo.

Como parte do acordo de investimento celebrado em 2017, o Itaú ainda tem uma opção de compra de 11,38% das ações da XP em 2022.