O Departamento de Justiça dos EUA vai iniciar um processo contra a Visa, acusando a empresa de práticas monopolísticas ao usar seu domínio no mercado de cartões de débito para coagir parceiros e clientes a não utilizarem os serviços de concorrentes, segundo a Bloomberg, que deu a notícia em primeira mão.

O New York Times, que confirmou os planos do DOJ, disse que há evidências de que a Visa prejudicou ilegalmente os seus clientes, principalmente comerciantes, quando eles tentaram usar outros serviços de pagamento.

Nos EUA, 70% das transações de débito são feitas com cartões da bandeira Visa. O domínio avançou expressivamente nos últimos anos. Era de 50% em 2007.

A Visa processa US$ 3,8 trilhões em transações de débito ao ano apenas nos EUA, e, segundo o Departamento de Justiça, obtém US$ 7 bilhões em taxas.

A empresa deverá ser denunciada também por ter usado seu poder de mercado para coagir os serviços de tecnologia de pagamento a manter a parceria com a Visa, impedindo eventuais concorrentes de entrar na disputa pelos contratos.

A notícia derrubou as ações da Visa mais de 4% no início da tarde.

O Wall Street Journal relatou que o DOJ está investigando se há crimes contra a competição nos incentivos que a Visa ofereceu a PayPal, Square e Stripe – três das principais plataformas de pagamento digital nos EUA.

Ainda de acordo com o WSJ, a Visa teria usado os tokens de segurança dos cartões para impedir que eles sejam processados por outros sistemas de pagamentos.

A Mastercard, suspeita de fazer o mesmo, fechou um acordo com a Federal Trade Commission no final de 2002. Os dados precisam ser compartilhados com outras redes de pagamentos.

Em 2020, o Departamento de Justiça agiu para bloquear a compra da Plaid pela Visa – uma transação de US$ 5,3 bilhões – porque a aquisição retiraria um concorrente do mercado. Foi ali que teve início a investigação que originou o processo antitruste.

Segundo a imprensa americana, os procuradores federais ouviram centenas de representantes do comércio e do setor financeiro para compreender as políticas de benefícios e penalidades da Visa.

A empresa ainda não se pronunciou sobre o caso.

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