A XP Inc. está entrando como sócia de mais uma corretora a ser criada por seus agentes autônomos: a nova parceria é com os escritórios BRA Investimentos e BS Investimentos, que estão unindo as suas operações.

A XP disse que BRA e BS, juntos, lideram o volume de transações em bolsa realizadas via plataformas na sua rede – o foco de ambos é o cliente que opera ações. Os dois escritórios combinados têm mais de R$ 5 bilhões sob custódia, quase 90 mil clientes e cerca de 100 assessores.

Esse é o quinto acordo fechado pela XP com escritórios de AAIs, e envolve duas empresas com uma base de custódia significativamente menor que a das transações anteriores. A Messem, por exemplo, tinha R$ 15 bilhões em ativos quando anunciou a parceria; a Faros, R$ 20 bilhões; a Monte Bravo, R$ 18 bilhões, e a Blue3, R$ 10 bilhões.

A XP passou a fechar esses acordos depois que o BTG Pactual começou a oferecer esse modelo de corretora, que faz com que os AAIs deixem de ser prepostos e passem a ser os donos da base dos clientes e de um negócio com valor de franquia. Nos primeiros acordos, a tese era de que a criação de uma corretora só fazia sentido se o escritório já tivesse um porte maior.

Mas na nova corretora que vai surgir da fusão entre BRA e BS – cuja marca ainda será definida –  a XP não está olhando para a custódia hoje, e sim para a diversificação de seu portfólio e crescimento futuro, segundo uma fonte a par da estratégia.

A BRA e BS têm mais de 10 anos de mercado e foco no cliente que gosta de negociar com ações – incluindo traders.

Ao longo dos anos, os dois escritórios desenvolveram todo o ecossistema necessário para esse tipo de atendimento, com plataformas, relatórios de análise, cursos e atendimento humano 24 horas.

“Elas oferecem um serviço robusto no qual o cliente vê valor e está disposto a pagar por ele,” disse uma fonte. “Esse acaba sendo um diferencial em relação aos concorrentes,” num segmento que tem sofrido pressão para redução de custos em taxas e serviços.

As duas AAIs são líderes nas operações de mini contratos de índice e de dólar. Para uma fonte, o investimento mostra que a XP está apostando que a Bolsa continuará atraindo mais empresas e CPFs.

A BRA e a BS iniciaram as conversas para a fusão no ano passado e foram se aconselhar com a XP, que no início deste ano resolveu entrar no negócio com uma participação minoritária relevante.

Os valores envolvidos na operação e a captação mensal dos escritórios não foram divulgados.

A BRA – uma abreviação de BR Advisors – tem três sócios principais: Illan Besen e Felipe Coelho, ambos ex-ICAP; e Daniel Braga. A empresa, com sede no Rio, nasceu em 2013 e dois anos depois já ingressou no grupo dos 20 maiores escritórios da XP, com operações em São Paulo e Belo Horizonte.

A BS Investimentos foi fundada em 2009 como uma gestora de recursos e dois anos depois transformou-se num escritório de agentes autônomos que já se chamou Blue Star. Os principais sócios são Rodrigo Imperatriz, que trabalhou na UM Investimentos e na Planner; e Paulo Hegg, ex-BrasilPrev.

A previsão é que a nova corretora entre em operação em 2023.