A XP chegou a um acordo com um de seus maiores escritórios para transformá-lo numa corretora — a primeira reação de Guilherme Benchimol ao ataque sistemático que o BTG tem feito à sua base de agentes autônomos (AAIs). 

Pelos termos do acordo, assinado hoje, a Messem Investimentos será dona de 50,1% da corretora, com a XP ficando com o saldo.

A Messem tem R$ 15 bilhões em ativos sob assessoria e cerca de 30 mil clientes. A companhia capta cerca de R$ 500 milhões/mês e pretende acelerar este ritmo para R$ 1 bi/mês até o final do ano.

A XP não quis abrir o investimento que está fazendo na Messem, mas os sócios Mauro Silveira e Felipe Scheffler disseram que a nova corretora “já nasce avaliada em mais de R$ 1 bilhão” e entre as 10 maiores do País. 

A trajetória de 14 anos da Messem se confunde com a própria história da XP.  O escritório foi fundado em Caxias do Sul em 2007, quando a XP ainda era apenas uma empresa de educação financeira sem atuação em corretagem.

Hoje, a Messem está em 15 cidades brasileiras e tem como cenário-base chegar a R$ 100 bilhões sob assessoria nos próximos três anos, o que significaria multiplicar o negócio por mais de 6x.

O acordo vem num momento em que o BTG tem trabalhado para atrair AAIs vinculados à XP com a proposta de sociedade para transformá-los em corretora — um modelo de negócio que dá ao AAI maior controle sobre sua base de clientes.

Nos últimos meses, pelo menos quatro escritórios deixaram a XP para criar corretoras em sociedade com o banco de André Esteves: EQI, Lifetime, Arton Advisors e Acqua-Vero.

“A gente acha que o modelo de AAIs não é mais o melhor dado o tamanho da nossa empresa,” Mauro disse ao Brazil Journal. “A estrutura de corretora vai nos dar mais autonomia para entregar produtos customizados aos nossos clientes.”

Guilherme Sant’Anna, o sócio da XP responsável pela rede de AAIs, disse que, quando a CVM criou as regras que regulam o trabalho dos AAIs, “ela nunca imaginou que os AAIs iam chegar ao tamanho que tem hoje, que eles iam passar do lucro presumido para o lucro real.”

Sant’Anna disse que a XP vai abrir um API permitindo que a Messem crie uma experiência de navegação customizada para seus clientes, e que a nova corretora estará operacional em no máximo um ano. 

A XP já havia usado o modelo de sociedade numa DTVM com a WHG — a boutique de wealth management fundada por ex-executivos do Credit Suisse — mas esta é a primeira vez que ajuda um de seus AAIs a migrar para o modelo de corretora. 

Sant’Anna disse que espera mais acordos do gênero nos próximos meses.