A XP acaba de fechar um acordo com a Blue3 para transformar seu terceiro maior escritório de agentes autônomos — com R$ 10,5 bilhões sob assessoria — numa corretora.

A transação segue os mesmos moldes de acordos anteriores com a Messem e a Monte Bravo, e deixa a Blue3 com 50,1% da corretora, e a XP, com o restante. 

Nem o investimento da XP no novo negócio nem o valuation foram revelados. 

Fundada em 2009 em Franca, no interior de São Paulo, a Blue3 atende mais de 16 mil clientes e tem um tíquete médio em torno de R$ 700 mil. 

A empresa foi fundada por Wagner Vieira, o “Wagnão”, e Leone Cabral — dois amigos que se conheceram enquanto trabalhavam como vendedores na Casas Pernambucanas. De lá, os dois passaram pelo Santander antes de fundar a Blue3. 

O escritório está captando R$ 500 milhões por mês e espera acelerar a captação e fechar o ano com R$ 16 bilhões — o dobro do ano passado. A empresa disse que espera crescer seis vezes, chegando a R$ 100 bi em 2025. 

No ano passado, a Blue3 faturou R$ 50 milhões e espera pelo menos dobrar o faturamento este ano, em linha com o crescimento dos ativos. 

Além de abrir espaço para oferecer mais produtos, aumentando o potencial de receita da empresa, a decisão de virar uma corretora também envolveu uma consideração de ordem tributária. Como ia passar do teto do lucro presumido este ano, a tributação no lucro real tornaria o negócio inviável, Wagnão disse ao Brazil Journal. 

No lucro presumido, os impostos são cobrados com base no faturamento; no real, sobre o lucro de fato. O problema disso: tipicamente 50% do lucro de um AAI é transferido para os assessores, mas a receita enxerga isso como lucro tributável, e não despesa.

“Ao virar uma corretora, a gente consegue jogar esse custo com os assessores na linha de despesas — que é o que eles são — reduzindo o valor tributável,” diz o fundador.  

Além disso, “o modelo de AAI é muito travado. Você não pode fazer gestão de carteira, não pode falar que tem análise… Você é tipo um garçom, que só pode servir a mesa,” diz o fundador.

O acordo vem um mês depois da XP fechar um negócio semelhante com a Messem, que à época tinha R$ 15 bi sob assessoria e cerca de 30 mil clientes. Pouco depois, a XP fechou um acordo com a Monte Bravo, seu maior escritório. 

As transações do último mês são um respiro para a XP, que garantiu a permanência de seus três maiores parceiros depois de ter perdido pelo menos quatro escritórios para o BTG: a EQI, Lifetime, Arton Advisors e Acqua-Vero.