Num dos ralis mais espetaculares e improváveis dos últimos tempos, a Ambipar mais que dobrou de valor em um mês, com a empresa recomprando seu papel e o fundador Tércio Borlenghi Júnior aumentando sua posição na companhia quando a ação estava na mínima histórica.
O anúncio ontem à noite de que Tércio aumentou sua posição de 66% para 73% causou pânico entre os vendidos na manhã de hoje, já que o free float do papel ficou reduzido a menos de 25%, incluindo na conta as ações em tesouraria que vieram da recompra (4,5 milhões de ações, ou 2,69% do capital).
Hoje, a posição vendida na Ambipar é de 14,2 milhões de ações, o equivalente a 35% do free float.
Com o float cada vez menor, os vendidos correram para tentar recomprar o papel para cobrir seu short, o que fez a ação subir mais 8,8% na manhã de hoje. No início da tarde, a alta havia reduzido para 7%.
Desde o início de junho, a ação da Ambipar sobe 145%, saindo de R$ 9,30 para R$ 23.
O movimento de Tércio chamou a atenção do mercado — que está com dificuldade de entender as motivações do fundador por trás das compras.
“É difícil entender porque ele gastaria tanto dinheiro assim rasgando o papel, comprando pagando 10% pra cima,” disse um gestor que aproveitou o rali para se desfazer da posição. “Se ele quisesse fechar o capital, por exemplo, porque não fez quando o papel estava a R$ 9?”
Segundo esse gestor, é difícil entender os benefícios que Tércio terá com o movimento.
“O papel está a R$ 23 hoje porque todo dia tem alguém rasgando o papel. Mas o que vai acontecer quando pararem de comprar e não tiver mais vendidos cobrindo o short? O papel vai voltar pra quanto?”
No último mês, outro ponto que chamou a atenção foi a concentração de compras de ações da Ambipar pelo mercado por meio da corretora do Banco Master, o que levantou questionamentos se o empresário Nelson Tanure também poderia estar comprando ações da empresa. As compras de Tércio, no entanto, foram todas feitas pela corretora do Santander.