Em 2005, um grupo de empreendedores lançou o ‘Dieta e Saúde’, um site com conteúdo sobre bem-estar e alimentação saudável. 

Junto com ele, um serviço de assinatura para quem quisesse receber uma dieta personalizada e acompanhamento nutricional.

Quinze anos depois: os três apps da tech.fit, que é a holding desses serviços de assinatura, tem mais de 18 milhões de downloads, 900 mil assinantes – e já fez seus usuários perderam mais de 9 milhões de quilos.

Agora, a empresa acaba de receber um aporte de R$ 16 milhões do Grupo Globo para acelerar o crescimento. 

A maior parte da rodada ‘series A’ é no modelo ‘media for equity’, em que a emissora troca espaço publicitário por uma participação societária. 

A estratégia tem sido cada vez mais usada pelos Marinho, que buscam um hedge para seu negócio de mídia, e por startups que precisam se expandir para além do público digital. 

“Nós sempre fizemos mídia online, de performance, via Google e redes sociais, agora a ideia é potencializar as marcas também no offline”, diz Alexandre Tarifa, sócio-fundador e CEO da tech.fit. 

De mídia online, os sócios da tech.fit entendem. A empresa é uma cisão do Minha Vida, uma rede de sites sobre alimentação, saúde, beleza e bem-estar que somava 22 milhões de usuários únicos ao mês e foi vendida para o grupo francês Webedia em 2017.

O Webedia ficou com o negócio editorial, enquanto os serviços de assinatura ficaram abrigados na tech.fit. Cada um desses negócios representava 50% da receita do Minha Vida original.

O carro chefe da tech.fit é o Tecnonutri, um aplicativo que monta dietas sob medida para os usuários, de acordo com objetivos como perda de peso, ganho de massa ou alimentação saudável.

Além da dieta, o app monta as receitas para a semana e prepara até a lista do supermercado. Os planos são trimestrais, com parcela de R$ 29,90/mês, ou anuais, com parcela de R$ 19,90 mensais. 

Parte da dieta é feita com o uso de algoritmos, e parte por nutricionistas. Há ainda uma equipe de psicólogos que se dedica a rotinas de ‘saúde emocional’ dentro do programa, que buscam amenizar os principais gatilhos que fazem as pessoas saírem da dieta, como a ansiedade. 

“O tech.fit é uma plataforma para o autocuidado. Não é apenas sobre dieta, é sobre saúde e equilíbrio em geral”, diz Tarifa.

Em novembro, a tech.fit lançou também o Workout, um aplicativo de exercícios que os usuários podem fazer em casa. O cross-selling tem sido positivo: 15% dos usuários do Tecnonutri também assinam o novo serviço. 

Além de atrair novos usuários, o novo investimento em mídia ataca também outro problema que compromete 10 entre 10 serviços de assinatura: o ‘churn’, jargão do setor para a perda de clientes. 

“Costumo brincar que combatemos o iFood e o Netflix”, diz o CEO. “O branding também tende a engajar o usuário a permanecer focado”. 

Com o aporte, a Globo terá um assento no conselho, trazendo sua expertise em publicidade offline — que envolve orçamento e custos de produção muito maiores do que na mídia digital, ou de performance.

Há dois anos, a Globo tornou-se acionista da Órama, uma plataforma de investimentos, no mesmo modelo de ‘media for equity’ e, mais recentemente, formou uma joint venture com a Stone para o mercado de maquininhas de cartões voltados para microempreendedores individuais — o mesmo nicho da PagSeguro.