Além dos mercados emergentes, as ações de tecnologia foram a outra vítima do início da Era Trump.
O complexo FANG — Facebook, Amazon, Netflix e Google — caiu em média 3% nesta quinta, fazendo com que o Nasdaq perdesse até 1,79% na mínima do dia. Na reta final do pregão, com o Dow Jones e o S&P já em alta, o Nasda ainda se debatia, com queda de 0,5%.
Há várias teorias sobre a fraqueza do setor.
Uns dizem que as críticas de Trump a tratados de livre comércio serão negativas para as empresas de tech; outros, que o setor já tinha subido bastante antes da eleição (antecipando erroneamente uma vitória de Hillary).
E há até os que lembraram as críticas de trump à Apple e à Amazon durante a campanha eleitoral.
O mais provável, no entanto, é que a perspectiva de juros mais altos esteja trazendo mais sobriedade ao mercado, e tudo aquilo que performou melhor este ano agora está mais exposto a uma correção.
“O setor de tecnologia é uma bolha [de valuation] que os juros mais altos vão estourar,” disse um gestor ao Brazil Journal, fazendo uma imitação de algo que Trump poderia ter dito durante a campanha: ‘It’s gonna be great. You’re gonna be so proud of the bubble I’m gonna burst.’”
A única certeza é que a incerteza está fazendo preço no mercado.
Ontem, os estrategistas do Morgan Stanley afirmavam que não viam a correção de quarta-feira como uma oportunidade de compra e recomendaram cautela aos investidores, pelo menos até que fique mais claro qual será de fato a política de Trump. (Como se sabe, o mercado ontem abriu perto da mínima e fechou na máxima).
“A questão para os investidores é tão simples quanto crucial: as políticas pró-crescimento de Trump (reforma tributária e estímulos fiscais) serão anuladas por seus impulsos de restringir o comércio internacional e a imigração?” os estrategistas escreveram para os clientes.
Num retrato da esquizofrenia que marcou essa eleição, Dennis Gartman, que publica a Gartman Letter, pintou um retrato assustador do que será Trump na economia e recomendou que os investidores saiam da bolsa – apesar de ele mesmo ter votado no Republicano.
“Fiz isso de nariz tampado, mas estou com medo do protecionismo comercial e tenho medo que ele representa globalmente”, disse ele à CNBC.
Já os amigos de Trump saíram em sua defesa.
Tom Barrack, do Colony Capital — e sócio de Abilio Diniz no Carrefour global — disse que apostava na Bolsa, mas que os investidores em Treasuries não deveriam se assustar com a alta de juros. (Aham.)