A Amazon acaba de anunciar seu segundo centro de distribuição no Brasil, para atender a região Nordeste.
O CD — que deve operar de maneira plena já no primeiro trimestre — ficará na região do Porto de Suape, na Grande Recife, e permitirá a entrega em até dois dias úteis para cinco capitais da região: João Pessoa, Natal, Maceió e Fortaleza, além da própria Recife.
Até agora, a Amazon operava com apenas um centro de distribuição, em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, que foi inaugurado no fim do ano passado. Ao longo deste ano, outros dois centros auxiliares, de menor porte, foram inaugurados na mesma região.
Com a infraestrutura mais robusta concentrada no Sudeste, a entrega rápida garantida pelo Amazon Prime estava restrita a cerca de 90 cidades.
Os assinantes do Prime em todo o Brasil tem acesso à entrega grátis em uma seleção de produtos, mas o produto pode demorar mais a chegar na casa do consumidor.
“Como tudo que tem envolvido a Amazon no Brasil, a sensação é de ‘too little, too late”, diz um analista que acompanha o setor. “Mas, se por um lado ninguém mais acha que eles são uma grande ameaça para as líderes do setor, todo mundo dorme com um olho aberto e outro fechado de olho no que eles estão fazendo”
Ao longo dos últimos anos, o jogo do ecommerce vem mudando radicalmente. Se antes se acreditava que não era necessário ter uma grande infraestrutura física, com CDs e lojas, hoje a capilaridade é o grande nome do jogo.
“Um dos erros da Amazon na China foi não ter CD quando já tinha duas malhas logísticas muito bem montadas, da JD.com e do Alibaba”, diz um banker que conhece de perto o ecommerce. A Amazon hoje tem menos de 1% de share na china.
Já na Índia, um dos pontos principais para o avanço da empresa de Jeff Bezos foram os investimentos em CD e hubs de distribuição espalhados pelo país, onde a Amazon tem mais de um terço de participação de mercado.
No Brasil, os players de ecommerce vem reforçando sua infraestrutura logística — alavancando inclusive sua malha de lojas como pequenos CDs.
A B2W tem 15 centros de distribuição e anunciou na semana passada que deve abrir mais 7 até 2022. Além disso, a empresa tem uma ampla malha de hubs, espécies de mini CDs que recebem, separam e reenviam os produtos.
O Magazine Luiza tem 17 centros de distribuição espalhados no País e, além disso, 38% das vendas feitas no site são feitas na modalidade clique e retire, em que os clientes podem retirar as compras nas lojas, que funcionam como mini CDs.
Hoje, esse tipo de logística funciona principalmente para produtos na modalidade conhecida como 1P, em que o estoque é detido pela própria Magazine Luiza.
Agora, a companhia anunciou uma parceria com a Linx para desenvolver sistemas que permitam que os vendedores do marketplace – que usam o site do Magalu como vitrine – possam também fazer entregas utilizando a malha de lojas da rede.
A B2W acaba de anunciar uma parceria semelhante para alavancar sua vantagem no last mile com as Lojas Americanas e Americanas Express.
O Mercado Livre também está ampliando sua malha logística própria.
“O diferencial do MELI hoje não é necessariamente a logística, é o fato de ter mais tráfego, mais seller, mais buyer”, diz o banker.
A companhia anunciou seu terceiro centro de distribuição, em Gravataí (RS). O primeiro CD do MELI foi inaugurado há dois anos em Louveira, no interior de São Paulo. Neste ano, a empresa começou a operar um novo centro, em Cajamar.
Além disso, a empresa conta com três centros de cross docking no Estado de São Paulo. Atualmente, cerca de 40% de todas as entregas são realizadas por meio dessa malha logística; há um ano, eram apenas 5%.