A DeepSeek é apenas o começo.

“As próximas disrupções serão aceleradas de maneira rápida e violenta, na esteira da inteligência artificial, da inteligência geral artificial e finalmente da super inteligência digital,” disse Peter Diamandis, o empreendedor do Vale do Silício, futurista e criador do X Prize.

Peter Diamandis ok

Em comentários no X, Diamandis disse que a disrupção e a reinvenção de indústrias inteiras estão rapidamente se transformando em um “novo normal.”

“A Netflix jantou a Blockbuster. A Amazon dizimou o varejo. Uber e Zoom reinventaram o transporte,” escreveu Diamandis.

Para ele, a “pequena” startup chinesa DeepSeek e seu modelo aberto de IA está “disruptando” as gigantes americanas OpenAI e Nvidia.

“Primeiro serão os players de tech, depois healthcare, e então serviços financeiros e a educação,” afirmou. 

Embora muitos ainda lancem dúvidas sobre a veracidade de a DeepSeek ter gastado apenas US$ 5 milhões para treinar seu modelo – contra os US$ 100 milhões das gigantes americanas – Diamandis celebrou o feito dos chineses e listou as três inovações que são o “pesadelo da Nvidia.”

1.Precisão reimaginada 

Em vez de abusar da capacidade computacional (usando 32 casas decimais), os chineses provaram que 8 são suficientes. “Resultado? 75% menos memória necessária. Às vezes, as inovações mais poderosas vêm do questionamento de suposições básicas.”

2.Revolução da velocidade

A IA tradicional lê como uma criança da primeira série, palavra por palavra: “O… gato… sentou…” Mas o sistema da DeepSeek processa frases inteiras de uma vez. Ele é 90% preciso, mas 2x mais rápido. “Quando você está processando bilhões de palavras, isso é transformador,” disse Diamandis.

3.Sistema especialista

No lugar de uma IA gigantesca tentando saber tudo (“imagine uma pessoa sendo um médico, advogado e engenheiro”), a DeepSeek construiu um sistema de ‘especialistas,’ que são ativados apenas quando necessário.

“Nos modelos tradicionais, 1,8 trilhão de parâmetros ficam ativos O TEMPO TODO. DeepSeek? 671 bilhões no total, mas apenas 37 bilhões ativos ao mesmo tempo. É pura genialidade.”

Os resultados são de cair o queixo, na opinião de Diamandis.

O sistema da DeepSeek roda em processadores usados para games, não necessita de um hardware específico para IA – e por isso é uma ameaça para a Nvidia. 

São necessários muito menos chips (2.000, em vez de 100 mil), derrubando o custo de desenvolvimento, treinamento e execução. 

“Para os incumbentes, como a Nvidia, isso é assustador,” escreveu Diamandis. “O modelo de vender chips super caros, com margem de 90%? Esse ‘fosso de proteção’ (moat) acaba de ser reduzido a uma poça.”

“Mas o que o torna realmente revolucionário é ser open source,” disse Diamandis. “Qualquer um pode verificar, desenvolver e implementar essas inovações. Isso não é apenas progresso tecnológico. É a democratização da IA ​​em uma escala sem precedentes.”

Para Diamandis, as barreiras de entrada para os inovadores nesse mercado foram destruídas, nivelando o campo de batalha. “O gênio da eficiência saiu da garrafa – e não há volta.”

Não é apenas a “pequena” DeepSeek que desafiou a liderança americana na IA. As BigTechs chinesas Alibaba e ByteDance também colocaram na praça modelos poderosos, que batem os melhores americanos em alguns critérios.

A Alibaba divulgou hoje que seu novo modelo, o Qwen 2.5 – e, segundo a empresa, ele superou os modelos da OpenAI e da Meta em alguns testes.

Num benchmark chamado Arena-Hard, que mede como os sistemas reagem aos prompts, ele teria atingido nota 89,4, ficando acima do Llama (da Meta), do DeepSeek, do ChatGPT e do Claude. 

No MMLU-Pro, um benchmark que analisa a capacidade de resolver questões de nível universitário, ele obteve 76,1 pontos – um resultado superior ao do DeepSeek e muito próximo ao do ChatGPT e do Claude.

A chinesa vem derrubando os preços de sua nuvem agressivamente e já é a quarta maior do mundo, atrás das americanas Amazon, Microsoft e Google. 

A ação da Nvidia caiu 4% no pregão de hoje, depois de se recuperar 7% ontem após a queda de 17% na segunda-feira. A companhia agora vale US$ 3 trilhões.

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