A Aura Minerals reportou um primeiro trimestre com um aumento substancial em seu EBITDA, fruto de uma expansão no volume de produção, reduções nos custos e uma apreciação do preço do ouro.
O EBITDA ajustado veio 10% acima das expectativas do mercado, com a Aura entregando US$ 53 milhões, em comparação aos US$ 48,6 milhões do consenso Bloomberg. Isto marca um crescimento de 45% na comparação anual e de 30% versus o trimestre anterior.
No primeiro tri, a mineradora de ouro e cobre produziu 68 mil onças equivalentes de ouro, um aumento de 28% na comparação anual. Ao mesmo tempo, conseguiu reduzir seu custo caixa/onça de US$ 1.311 no quarto tri para US$ 1.287, enquanto o ouro saiu de cerca de US$ 1.900 um ano atrás para US$ 2.070.
A redução de custos teve a ver principalmente com ganhos de eficiência na mina de Honduras, o CEO Rodrigo Barbosa disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, de meados de 2022 até meados de 2023, essa mina — a Minosa — produziu muito aquém de sua capacidade por conta de problemas operacionais.
“Em 2022, o contratista que opera essa mina estava subindo muito os preços, acima da inflação, e por isso decidimos trocá-lo por outro, reduzindo em 30% os custos,” disse o CEO. “O problema é que o novo contratista demorou muito para atingir a estabilidade de produção, então tivemos uma perda de produtividade grande nesse período.”
Além disso, “o nosso time que cuida dessa mina ainda não estava 100% alinhado com nossa cultura.”
A partir do terceiro tri, essas questões foram sendo ajustadas e a produção voltou gradativamente ao normal, atingindo seu nível de estabilidade no primeiro tri, quando a mina produziu 19 mil onças.
Esse aumento na produção levou a uma diluição dos custos caixa da mina, ajudando no indicador custos caixa/onça.
Barbosa também disse que a empresa trabalhou na revisão de fornecedores e produtos, o que também ajudou a reduzir os custos.
Para o segundo tri, o CEO disse que já não há mais ganhos de eficiência relevantes para extrair de Honduras, e que a expectativa é de estabilidade tanto nos custos quanto no volume de produção.
A Aura, no entanto, deve se favorecer de uma alta expressiva no preço do ouro.
Enquanto no primeiro tri, o preço médio do ouro foi de US$ 2.070/onça, no segundo a onça já bateu em mais de US$ 2.300. O preço do cobre, que representa cerca de 30% do resultado da companhia, também teve uma escalada relevante, saindo de cerca de US$ 3,80 no primeiro trimestre para US$ 4,40 agora.
Apesar da expansão do EBITDA, a Aura Minerals teve mais um trimestre de prejuízo líquido, entregando um bottom line negativo em US$ 9 milhões, que foi impactado pela marcação a mercado de contratos de hedge de ouro. Essa marcação teve um impacto negativo de US$ 21 milhões na última linha do balanço.
No quarto tri, quando entregou um prejuízo de US$ 6 milhões, a Aura também havia sofrido com a mesma questão.
O resultado vem num momento em que a Aura está executando um plano robusto de crescimento.
A companhia começou a operar em agosto a mina de Almas — seu primeiro projeto greenfield — que vai adicionar cerca de 50 mil onças/ano à produção; e está terminando a construção de Borborema, que vai adicionar outras 85 mil onças/ano e deve ficar pronta até o final do ano.
Há ainda o projeto de Matupá, que deve ficar pronto até o final do ano que vem e adicionar outras 50 mil onças/ano.
O CEO disse que, com o preço do ouro em R$ 2.300, o VPL do projeto aumentaria em 143% para US$ 439 milhões, em comparação a quando os estudos iniciais foram feitos (com o preço do ouro em R$ 1.712).
A TIR alavancada também teria um aumento substancial, saindo de 40% para 73%.
“E isso ainda não considera a reserva de ouro que tem próxima a uma rodovia e que ainda precisamos do licenciamento para mudar ela de lugar,” disse o executivo. “Se considerar esse ouro, as reservas de Borborema dobrariam, e o VPL teria um aumento ainda maior.”
Barbosa disse ainda que a Aura continua olhando M&As ativamente, principalmente em cobre, já que seu objetivo é manter a participação do metal em sua receita em 30% mesmo com a entrada dos novos projetos.
A companhia também pretende continuar com sua política de dividendos, de distribuir pelo menos 20% do EBITDA menos o capex recorrente.
A ação da Aura sobe 5% nos últimos doze meses, mas cai 48% desde o high em maio de 2021, quando o BDR chegou a negociar a R$ 68,71. (O papel fechou hoje a R$ 38,50).
A mineradora vale C$ 759 milhões na Bolsa.