Vim para VEJA pelas mãos de Roberto Civita.
Roberto conhecia meu trabalho desde a época do The Wall Street Journal e mantínhamos contato regular. Ele já havia partido (infelizmente, de forma tão prematura), quando procurei Eurípedes Alcântara para propor a ideia de um blog que cobrisse empresas e mercados.
Eurípedes, então editor-chefe de VEJA, me conhecia apenas pelas palavras de Roberto, mas imediatamente abraçou o conceito: uma coluna sobre as entranhas do capital. Um blog que conversasse sobre a estratégia das empresas e seu momento na Bolsa de forma técnica, mas ao mesmo tempo didática. Uma coluna que celebrasse o capitalismo mas mantivesse o distanciamento crítico, e que explicasse o impacto do macro no micro.
Foi assim que meus 20 anos de jornalismo financeiro desembocaram neste experimento gratificante chamado VEJA Mercados.
Nos dois anos em que foi publicado, o blog cresceu e construiu uma audiência qualificada, fiel e entusiasmada. Ela inclui o universitário que sonha em fazer carreira num Brasil moderno, servido por instituições sadias e independentes, os economistas que abominam a falácia da meia-entrada (porque sabem que não há almoço grátis), o executivo atento ao que acontece no mundo, e o empresário que quer deixar um legado.
O dia de hoje marca o fim desta experiência e o início de outra, potencialmente ainda mais rica: vou empreender.
Em algumas semanas, aguardem um site independente sobre economia, empresas e, como dizia Steve Jobs, one more thing.
Esta empreitada vai testar algumas hipóteses sobre o modelo de negócios que se pode construir ao redor da notícia:
É possível monetizar a informação num mundo em que ela é oferecida de graça (considerações sobre qualidade à parte)? Existe espaço para um conteúdo premium fora de uma plataforma já estabelecida? Haverá anunciantes interessados neste conteúdo?
Agradeço à Abril e à VEJA a confiança, a autonomia e a liberdade que me proporcionaram. Mesmo quando os fatos abordados aqui eram incômodos, nunca interferiram em meu trabalho. É essa atitude corajosa que torna esta revista e esta marca tão indispensáveis ao Brasil mais justo e transparente que, parece, estamos começando a construir.
Minha gratidão a esta casa, aos colegas e amigos que fiz aqui, e minha homenagem à memória de Roberto Civita.
Uma palavra final (mas não menos importante) de agradecimento. O jornalismo que faz jus ao nome é, com frequência, a história das grandes fontes anônimas, que resolvem, por um motivo ou outro, confiar no repórter e compartilhar com ele fatos até então secretos, interditados ou conhecidos por poucos.
A todas essas pessoas que confiam em mim e que me educam exaustivamente no funcionamento do mundo e dos mercados, o meu obrigado nada econômico. You know who you are.
Um abraço a todos e até breve.