A Tencent – o conglomerado de tecnologia chinês que vale mais de US$ 550 bilhões na Bolsa – está comprando uma fatia minoritária no Carrefour na China. O movimento é uma contraofensiva ao avanço da Alibaba no varejo de alimentos chinês e o mais recente sinal do interesse dos gigantes do ecommerce em buscar uma integração com o mundo físico.
O negócio vem num momento em que o Carrefour tenta reverter seu prejuízo na operação chinesa e deve servir como uma plataforma para a Tencent expandir sua tecnologia de pagamento móvel.
A Tencent é uma espécie de híbrido entre Google e Facebook chinês. É a dona do WeChat – o ‘Whatsapp da China’, que tem 980 milhões de usuários únicos/mês e também funciona como meio de pagamento – e é a maior empresa de online gaming no país.
O Carrefour não divulgou nem o valor nem a fatia que a Tencent pretende comprar. Mas afirmou que a intenção do negócio é “melhorar a visibilidade online, aumentar o tráfego tanto nas lojas físicas quanto do ecommerce e se beneficiar das tecnologias digitais avançadas e da expertise da Tencent para desenvolver novas iniciativas de smart retail”.
Nos últimos meses, as gigantes chinesas da Internet vem protagonizando uma corrida por ativos de varejo físico – num movimento semelhante ao protagonizado pela Amazon nos Estados Unidos e, mais recentemente, na França.
No fim do ano, a Tencent pagou US$ 640 milhões por 5% da rede de supermercados Yonghui, que tem 600 lojas e é focada principalmente em produtos frescos.
Um mês antes, o Alibaba pagou quase US$ 2,9 bilhões pelo controle da SunArt, a rede de hipermercados líder no país, com 15% de market share (o Walmart é vice-líder, com 10%).
No ano passado, a empresa de Jack Ma também inaugurou a HeMa, um novo conceito de lojas físicas integradas com a Internet que vende alimentos e funciona como centro de entrega para produtos pedidos online.
Apesar da alta taxa de penetração do comércio online no varejo chinês, mais de 85% das compras de alimentos – um mercado de meio trilhão de dólares – ainda é feita offline.
A parceria com a Tencent foi anunciada hoje como parte do plano de ‘turnaround’ do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que assumiu em julho.
O plano, batizado de “Carrefour 2022”, veio acima das expectativas do mercado, e a ação da companhia subia 5% no início da tarde.
O foco de Bompard é a operação francesa, que vem perdendo mercado e rentabilidade em meio à concorrência com o ecommerce e outros concorrentes com preços menores.
Como parte do plano, o Carrefour disse que vai fechar lojas e pretende cortar 2.400 postos de trabalho na França; o objetivo é reduzir os custos em €2 bilhões por ano até 2020.
Os investimentos na estratégia digital, por outro lado, devem acelerar: serão €2,8 bilhões de euros até 2022.