A Stone anunciou hoje uma nova oferta de ações, dando saída parcial para alguns acionistas após a alta de mais de 70% nos papéis desde o IPO, realizado há pouco menos de seis meses na Nasdaq.

O mercado já esperava algum movimento de venda com o fim do período de restrição para negociação de ações, mas o timing surpreendeu. O lock-up acabaria no dia 22 de abril. 

Ao todo, a Stone está oferecendo 17,9 milhões de ações, que podem chegam a 20,6 milhões a depender da demanda. Ao preço de fechamento de sexta-feira, a oferta pode movimentar cerca de US$ 800 milhões — menos de 10% do valor total de mercado, de US$ 11 bi. 

A operação aumenta o float da companhia, que é pequeno em comparação aos pares. Hoje, cerca de 12% das ações estão disponíveis para negociação, valor que deve passar para 18% após a oferta. 

Entre os vendedores estão os fundadores André Street e Eduardo Pontes — tanto na física quanto no seu veículo HR Holdings —, outros executivos da empresa e um veículo que concentra a participação do 3G. 

O trio formado por Lemann, Telles e Sicupira está se desfazendo parcialmente das ações, que estão espalhadas em diversos veículos de investimento. 

Ofertas secundárias normalmente são vistas com algum ceticismo pelo mercado, na medida em que podem indicar uma ‘pressa’ em sair do papel aos preços atuais. Os papéis caem 5% na Nasdaq. 

Mas a máxima está sendo relativizada no caso da Stone. André Street e Eduardo Pontes venderam poucas ações no IPO, em grande parte porque cederam sua alocação para o Alibaba, que decidiu embarcar na empresa. “É natural que eles queiram botar alguma coisa no bolso agora”, pontua um gestor. Alibaba e Berkshire Hathaway, a gestora de Warren Buffett, não estão vendendo no follow-on. 

A notícia da oferta veio acompanhada também de uma boa prévia referente ao primeiro trimestre. O número de clientes ativos veio forte, com alta de 90% frente ao primeiro trimestre de 2018 e o take rate — a taxa cobrada por transação — saiu de 1,68% para uma faixa entre 1,84% e 1,85%. 

A expectativa da companhia é que o lucro líquido tenha ficado entre R$ 180 milhões e R$ 184 milhões no período, contra apenas R$ 24 milhões num ano antes e 7,5% acima do consenso de mercado. 

Normalmente, o primeiro trimestre é o mais fraco do ano. A expectativa, portanto, é que o mercado ajuste suas previsões de lucro anual para cima.

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