Álvaro Saieh, o bilionário chileno que é sócio do Itaú Unibanco no CorpBanca, conseguiu hoje listar sua rede de supermercados na Bolsa de Santiago num IPO que levantou US$ 200 milhões por 24% da empresa.

O SMU é a terceira rede varejista do Chile em faturamento, depois do Wal-Mart e do Cencosud, e vai usar os recursos para reduzir sua dívida. O preço do IPO deu à empresa um valor de mercado de US$ 830 milhões.

A ação saiu a 113 pesos na oferta, e negociava a 115 pesos no início da tarde.

Há pelo menos dois anos que Saieh tenta listar a companhia, que quase quebrou em consequência de uma fraude em 2013.

Para fazer o bicho voar desta vez, Saieh e a gestora Southern Cross (que juntos tinham 90% da empresa antes do IPO) haviam se comprometido a comprar 25% da oferta numa demonstração de confiança.  No comunicado ao mercado publicado hoje cedo, a empresa disse que seus ‘atuais acionistas, incluindo acionistas controladores’ compraram 28% da oferta.

 
Saieh adquiriu o SMU em 2007, e a companhia cresceu por meio aquisições — mais de 60 — a maioria com problemas de integração.
Mas a rede só bateu contra o muro por causa da fraude.  Na versão contada a investidores interessados na oferta, o management anterior do SMU teria inflado a geração de caixa fraudando o valor dos alugueis pagos pelas lojas. 100% das lojas do SMU são alugadas.

Descoberta a fraude, os bancos credores viram que a alavancagem da empresa era o dobro do reportado, e o SMU teve que reestruturar sua dívida.

Tendo em vista este histórico, muitos gestores decidiram nem estudar o IPO, coordenado pelo BTG Pactual, LarrainVial e Itaú.

O tamanho da oferta foi reduzido, e o SMU saiu a um múltiplo de 7,5x EV/EBITDA de 2016, um desconto de 25% em relação ao Cencosud, que negocia a 10x.

“Muita gente no Chile tem memória curta,” diz um gestor.

A fraude no SMU chegou a contaminar a CorpBanca em 2013. O custo de captação do banco subiu depois que a fraude foi descoberta, justamente no momento em que Saieh negociava a venda de uma participação no banco, que acabou nas mãos do Itaú.  A Moody’s chegou a rebaixar a dívida da CorpBanca tendo em vista o controlador comum, mas Saieh sempre manteve que seus negócios são operados independentemente.